Como lidar com os anos a mais que ganhamos?
O que é que realmente acrescenta felicidade à idade avançada?
Quais seriam aquelas pequenas coisas que fazem toda diferença no dia a dia ainda que nem sempre a gente se dê conta delas.
A terceira idade já não é mais a mesma, faz tempo.
Tendo algum dinheiro e saúde, qualquer idoso tem ao seu alcance um leque de oportunidades antes impensável que inclui todo um pacote de serviços especializados para atenuar os desgastes do tempo no corpo e na mente e tratamentos médicos que prometem nos fazer chegar nas fronteiras longevidade humana.
Basta para ser feliz?
A autora de “Novos Velhos ” valoriza essas conquistas, é claro, mas avisa:
“A idade avançada não é uma reta terminal”, as pessoas envelhecem no cotidiano e é no cotidiano que precisam estar inseridas as coisas que vão fazer diferença no bem-estar.
A questão bem concreta é como vamos viver esses 20 ou 30 anos a mais que ganhamos em relação às gerações anteriores.
Confira as ideias de Léa Maria Reis:
“Poder viajar sentado no ônibus.
Mas antes: ter a garantia de que o ônibus vai parar no ponto em que você está, para apanhá-lo”, diz a jornalista.
Fiscalização das leis que garantem a preferência de idosos, além de uma infraestrutura mais adequada, são fundamentais para manter a independência e a autonomia e uma obrigação de governos e da sociedade, defende Léa.
Outra a dica é ter um bicho:
Cachorro, papagaio, passarinho, gato, o quem for.
“Há uma troca grande de afeto entre humanos e animais e eles são de grande fidelidade.
Ótima companhia”.
Animais dão complementaridade às relações humanas e têm a capacidade quase inesgotável de dar e receber afeto.
Outra chave para a autonomia é cuidar da saúde.
Ter condições para cuidar de si próprio é importante.
A meta é conseguir “amarrar o cadarço do tênis com o pé no chão sem precisar cruzar a perna”, brinca Léa Maria.
Para garantir um corpo forte e saudável, é fundamental cuidar da alimentação e manter atividades físicas que ajudem a desenvolver a flexibilidade, o equilíbrio e a força.
“Equilibrar-se entre a ação.
Continuar trabalhando ou, pelo menos, produzindo – e a reflexão” é o jeito ideal de manter-se em contato com os outros e consigo mesmo.
E nem estamos falando de carteiras assinadas e contracheque no final do mês.
Atividades produtivas podem incluir desde trabalhos voluntários até tomar conta dos netos para que os pais possam trabalhar.
Como lidar com os anos a mais que ganhamos?
O novo idoso não é apenas uma nova força consumidora de produtos e serviços, mas é também capaz de ter projetos, de ocupar-se, de refletir sobre seu momento.
E de extrair satisfação nisso.
Por que não planejar uma viagem, uma aventura?
Ou organizar um encontro romântico com o parceiro?
Começar a escrever um blog, cultivar amigos nas redes sociais, falar com os netos via skype são algumas das inúmeras formas de enriquecer o cotidiano.
Preparar-se financeiramente para o avanço da idade.
A recomendação dos especialistas é que você comece a pensar em poupar para a aposentadoria aos 25 anos.
É claro, que nem sempre isso é possível.
Ainda assim, hoje, boa parte dos idosos não dependem exclusivamente da renda da aposentadoria do INSS para viver e, inclusive, conseguem até ajudar a família com rendimentos adicionais.
Independência financeira é essencial para uma velhice tranquila.
O envelhecimento convoca a um balanço de experiências infindáveis.
A transformação do corpo, a espiritualidade, o senso de realização, a autodescoberta.
Mergulhar de cabeça nessas questões faz parte do autoconhecimento, mas é essencial um certo bom-humor.
“Sentir do fundo do coração que a vida é uma história às vezes cômica, outras, dramática”, diz Léa.
O idoso feliz é dono dos próprios espaços.
Principalmente os interiores. Léa recomenda “saber sair de cena com classe quando chegar o momento para usufruir com calma a vida nos seus aposentos”.