Arteterapia – Uma atividade a ser aplicada.
Arteterapia: o envelhecer, até hoje, embora em menor proporção, ainda é um tema muito difícil de ser encarado.
É quase como se fosse uma praga, uma doença, um mal, seja para aqueles que são jovens, para aqueles que estão começando a envelhecer, ou mesmo que se encontram na própria senescência.
O idoso, comumente é visto, por ele mesmo e pelos outros como atrasado, nostálgico, maçante e de muitas outras maneiras negativas.
Na psiquiatria é comum dizer que o aparelho psíquico do idoso está de tal modo estruturado, sedimentado, que qualquer intervenção terapêutica seria sumamente estéril, ou então despenderia de muito esforço para poucos resultados.
Freud, em 1904, enfatizava que as pessoas próximas aos cinquenta anos (que ele chamava de velho)” não são mais educáveis”, isto é não poderiam submeter-se ao tratamento analítico por duas razões básicas:
– A análise se tornaria excessivamente extensa em razão da quantidade de material histórico;
– Os processos psíquicos do indivíduo não teriam plasticidade suficiente para promover mudanças internas verdadeiras.
Karl Abraham, em 1927, tratou de vários pacientes com mais de cinquenta anos, conseguindo bons resultados, o que o fez concluir que o “prognóstico devia ser condicionado à idade da neurose, e não a do paciente”.
Dois terços dos pacientes de Yung, tinham mais de 35 anos (o que para ele estarem na segunda metade da vida) e, na sua opinião, possíveis de análise e de mudança.
No Brasil?
O crescimento da população idosa no Brasil vem ocorrendo de forma bastante acelerada.
Dados estatísticos informam que no ano de 2025 seremos a sexta população com o maior número de idosos do mundo e, por projeções feitas, estaremos com mais de 32 milhões de pessoas acima de sessenta anos.
Além disso, a proporção de pessoas com mais de oitenta anos também apresenta um aumento significativo (IBGE, 2002).
O aumento da expectativa de vida – mais de trinta anos no último século- deveria estar acompanhado de um aumento também na expectativa de saúde, afinal são inúmeros os avanços na área tecnológica, tanto quanto no campo das ciências da saúde.
A realidade, porém, nos impõe um grande desafio, que é transformar esses ganhos em benefício para a sociedade, superando estigmas, exclusão e descaso.
Isso exigirá profundas mudanças na forma como conduzimos nossas relações e nossa maneira de viver; é imprescindível que se revise o conceito de cuidar daqueles que necessitam ser cuidados em razão da fragilidade, doença ou senilidade.
Como já falamos, envelhecer não significa, necessariamente, adoecer, mas na idade avançada o desenvolvimento de agravos é mais frequente, como o aumento de doenças crônicas, que podem levar a deficiências físicas, funcionais e psicológicas.
O idoso poderá desenvolver graus variados de incapacidade, principalmente se estiverem associados a multi patologias.
Essa situação poderá ocasionar diversos transtornos ao idoso, aos familiares, à sociedade e às instituições prestadoras de cuidados de saúde, as quais poderiam estar mais bem preparadas para um cuidado mais humanizado (Litvoc & Derntl, 2002).
Como proceder?
Embora a maioria das pessoas envelheça sem grande comprometimento, é importante considerar que a frequência das doenças crônicas e a longevidade são consideradas as duas principais causas do crescimento das taxas de idosos portadores de incapacidades.
Ter um idoso sem independência e autonomia para muitas famílias pode ser uma situação mantida no âmbito familiar dos domicílios ou nas instituições asilares, também conhecidas como “instituições de longa permanência para idosos”.
Cuidar de um idoso no âmbito do lar requer a disponibilidade de um membro da família para o exercício este papel, ou a contratação de um cuidador, o que demanda recursos financeiros, nem sempre compatíveis com a situação familiar.
A indicação da permanência dos idosos incapacitados sob os cuidados de seus familiares ainda é a tendência atual em muitos países e no Brasil.
Todavia, as estruturas familiares, no mundo inteiro, estão sofrendo modificações e, quando ocorrem de modo concomitante velhice e doença, muitas famílias não conseguem assumir as atividades de cuidar de seu ente querido no meio familiar.
Ainda, cuidar de alguém em condições de doença ou fragilidade durante as 24 horas do dia, sem descanso ou folga, não é tarefa fácil.
Assim é que muitas famílias não se sentem em condições de assumir este cuidado, e a opção, então, é colocar o familiar idoso numa Instituição.
Às vezes a própria pessoa não tem familiares e escolhe a internação como única possibilidade diante do medo de ficar doente.
Sabe-se que a arteterapia vem sendo utilizada com bastante sucesso em diferentes contextos e especialmente com pessoas em situações de risco pessoal e social, bem como, tem auxiliado profissionais das áreas da saúde e da educação nas tarefas de compreensão e elaboração de alguns conteúdos emocionais que, presentes em todas as etapas da vida, ganham contornos singulares no adulto maior.
Mas, o que vem a ser a arteterapia?
Arteterapia é um trabalho terapêutico que atua diretamente com os símbolos, onde, se utiliza das imagens geradas em expressões artísticas para que o cliente e o terapeuta consigam ter acesso ao seu universo imaginário, segundo a psicóloga Janaina Soares.
É possível chamar por Arteterapia os tratamentos psicológicos em que se prioriza a utilização de expressões criativas como música, dança, teatro, atividades plásticas, pintura, modelagem, desenho, máscaras, gravuras entre outros, para ajudar no desenvolvimento pessoal e criativo do indivíduo.
Quando a arte é colocada no processo terapêutico torna-se possível revelar a riqueza inconsciente das pessoas.
Sua linguagem simbólica faz da arte um valioso instrumento para acessar a alma humana.
Todo ser humano carrega em sua essência a capacidade de se comunicar através da arte.
Quando a obra de arte está pronta ela é imposta ao autor, adquirindo sua própria forma.
Arteterapia ajuda o indivíduo em sua decifração de mundo interno, isso porque ele irá se deparar com as imagens e a energia psíquica que se configura através da arte.
Quando o cliente consegue compreender as formas simbólicas expressas por seu inconsciente ele toma consciência destes conteúdos, ocorre um encontro do que é emoção e do que é concreto, afinal, as fronteiras que os separa não são intransponíveis, elas se permeiam no dia a dia e as atividades artísticas e criativas podem ser um canal de comunicação entre tais conteúdo.
O que é Arteterapia na abordagem junguiana?
Arteterapia com abordagem junguiana tem o objetivo de oferecer suportes materiais para ajudar no processo de fluir da energia psíquica, fazendo-a ser colocada de maneira simbólica nas criações expressivas, as quais ajudarão na ativação e realização do contato entre consciente e inconsciente.
Desta forma o cliente terá uma construção interna mais completa e aos poucos irá se estruturando e colocando seus sentimentos nos lugares corretos e administrando sua vida de forma mais saudável, lidando melhor com as dificuldades naturais do ser humano.
Arteterapia, sob o olhar da psicologia junguiana vê no ser humano uma tendência natural para a organização e trata o processo terapêutico através da arte como uma forma de melhorar e ajudar o desenvolvimento desta tendência onde o fazer simbólico faz parte do processo de autoconhecimento e transformação.
Utilizando a arte
Quando se usa a arte de forma terapêutica cria-se um facilitador para expressar as emoções, sendo assim, a arteterapia é uma maneira de confrontar-se com imagens sombrias.
O fazer artístico ajuda a desenvolver a imaginação de forma livre ajudando o indivíduo a participar concretamente do conteúdo imaginado e conteúdo que antes estavam inconscientes por serem difíceis e doloridos de lidar tornando-os assim mais familiares.
A arte ajuda a diminuir a carga emocional deste conteúdo e facilita a sua decodificação e reorganização interna e o indivíduo tem a oportunidade de reconstruir a realidade.
A expressão criativa ajuda o indivíduo a transformar suas emoções em imagens, o que naturalmente facilita o processo de desenvolvimento psíquico.
O fazer artístico ajuda na integração da personalidade através das técnicas e práticas expressivas transformando em concretos os conteúdos internos projetados e permitindo sua identificação, devolvendo assim à personalidade sentimentos que antes não existiam, dando ao indivíduo a oportunidade de olhar para si mesmo.
O mais importante na vida é o próprio viver, ver as cores do mundo através da alma, olhar o que há de melhor e mais belo em si e no outro.
O fazer artístico transforma, revela e desvenda mistérios da alma.
É possível transformar vidas através da arte, afinal expressar-se e usar a criatividade é algo inato ao ser humano.
Uma bela pintura ou o dançar ou ouvir música pode levar-nos a outro lugar mágico e surpreendente, belo e transformador.
A arte tem o poder de deixar a vida mais leve e pode levar a um encontro com a própria alma.
Arteterapia tem esse objetivo, fazer com que, através da arte e da expressão criativa uma pessoa possa ir além e, assim, ter um encontro único e inesperado, um encontro consigo mesmo.
fonte: mente e movimento
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