Se ter filho já é bom, neto é melhor ainda.
A sala é aconchegante, a cozinha sempre guarda uma coisa para comer e os braços estão prontos para acolher quem chega.
Assim é a casa de Carlos Valter Ávila, 71 anos, e Neli Ávila, 68, no bairro Imigrante Norte, em Campo Bom.
Ele é serralheiro aposentado e ela teve como último ofício o cuidado de crianças antes de parar de trabalhar.
Mas para David, Júlia, Amanda e Alice são apenas o vô Carlos e a vó Neli.
O casal, que teve três filhas, Cleci, Sônia e Carla Daniela, hoje se orgulha de ter quatro netos e um bisneto, Pedro, filho do neto mais velho.
A corujice é tamanha que eles mudaram de endereço para acompanhar de perto o crescimento da neta caçula Alice Ávila Nericke, 4.
“A gente morava em Novo Hamburgo, mas viemos para cá quando ela estava para nascer”, conta Neli.
Enquanto os pais trabalham, a baixinha fica sob os cuidados dos avós.
“Para nós é um prazer.
Os meus netos para são tudo para mim”, declara a avó.
Já Alice, pede para dormir na casa dos avós e declara um eu te amo ao pé do ouvido dos dois.
“Ela é muito queridinha”, diz seu Carlos.
A psicóloga Patrícia Spindler relata que cada vez mais são publicados estudos apontando os benefícios, tanto para netos como para os avós, de uma convivência próxima.
“Quando essa relação é saudável, todos têm a ganhar, principalmente as crianças”, destaca.
De acordo com ela, os avós são os primeiros vínculos mais fortes dos pequenos depois dos pais.
Se ter filho já é bom, neto é melhor ainda.
O carinho é para todos
Na casa dos avós Alice tem a sua disposição um balanço, que foi feito por seu Carlos para a mãe da menina, quando era criança.
É no brinquedo que a menina se diverte durante as tardes.
“A gente plantou essa árvore aqui do lado para fazer sombra enquanto ela brinca”, conta a avó.
Já no interior da casa a menina tem vários livros.
O metalúrgico aposentado conta que tinha cinco irmãos e três irmãs e admirava o cuidado que os pais tinham com as meninas.
“Eu sonhava em ter três filhas meninas e deu certo.
Hoje tenho três netas meninas, mais o Deivid, nosso primeiro neto”, diz orgulhoso.
Neli garante que não há distinção de carinho e atenção entre os netos e volta e meia a casa está cheia, porque eles costumam fazer visitas com frequência.
“E se eles não veem, a gente vai visitar”, conta.
Tempo exclusivo para os netos
No bairro Primavera, os avós Helmuth Ewaldo Ritter, 65, e Hildegard Ritter, 66, não podem passar mais de um dia sem ver os três netos.
“Eles já ligam dizendo que estão morrendo de saudade”, conta a filha do casal Cristiane Riiter de Oliveira.
Os dois são avós de Cauã, Isabelle e Matheus.
“Os netos demoraram para chegar e quando vieram, chegaram quase juntos”, conta a dona de casa.
Eles contam que o programa preferido da turma é brincar na pracinha.
Já Isabelle, de 1 ano e 11 meses, que ontem estava visitando a casa dos avós, também adora mexer nas panelas.
Segundo Helmuth, que é vendedor aposentado, a esposa praticamente criou as filhas sozinha, pois ele dedicava muito tempo ao seu trabalho.
“Agora eu tenho tempo para os netos, já que eu não tive para as filhas”, diz.
O avô diz que mudou sua forma de ver os netos após ele viver essa experiência.
“Quando eu vis os outros avôs babando-me os achava muito bobalhão, mas agora eu estou três vezes mais bobalhão.
É a melhor coisa do mundo”, garante.
Se ter filho já é bom, neto é melhor ainda
Neto é renovação e aprendizado
Os netos costumam chegar quando a juventude já está partindo e a velhice se aproxima.
Por conta dessa combinação, alguns avós ficam confusos e ligam a chegada da criança com a velhice, o que pode causar um sentimento de tristeza.
No entanto, Patrícia salienta que isso acontece normalmente até os momentos iniciais da vida do bebê.
“Quando começa a criar o vínculo com a criança isso se desfaz e o sentimento de estar velho se transforma em renovação”, comenta.
Conforme Patrícia, é importante que os papéis dessa relação familiar sejam bem definidos e os avós não assumam as responsabilidades que são dos pais.
“O papel dos avós é um misto de ajuda aos pais e de alimentar a convivência com o neto”, explica.
De acordo com ela, é preciso ter cuidado para que a relação não seja repleta de queixas dos pais, ao verem os avós como intrometidos, e dos avós de fazerem críticas apontando os erros dos pais.
A psicóloga destaca que a relação de avós e netos é uma troca constante.
Das crianças, ensinando aquilo que sabem aos mais velhos, especialmente conhecimentos ligados à tecnologia e à comunicação, e os avós sobre a própria identidade dos pequenos.
“Através dos avós se conhece a história da família e dos pais e as crianças vão entendendo a construção familiar e da sua própria história de vida”, finaliza.
fonte: jornal nh