Maracujá de Casca Roxa – Nutritivo e calmante.
Ultimamente tenho saído à cata de frutas desconhecidas de muitos paulistanos para a palestra que vou dar no evento Paladar – Cozinha do Brasil.
Nada de kino ou kiwano, pitaia, rambotão e que tais colombianos.
Também nada contra, afinal, canistel é uma delícia, jujube também.
Mas quero mostrar frutas nativas nossas.
No sábado estive no mercadão e ontem, no Ceagesp, onde comprei estes maracujazinhos roxos.
Lindos por dentro e por fora.
Perfumadíssimos. O sabor é muito parecido com o mais comum e comercial que conhecemos, mas a diferença está nesta casca tingida de antocianina.
A palavra “maracujá” vem de “mara-cuiá”, que significa “alimento que já vem dentro da cuia” (como se vários outros também não viessem!).
O fruto possui casca dura, geralmente de cor amarela, roxa ou avermelhada.
Tem aquelas sementes negras e numerosas, revestidas por arilo (parte comestível) polposo, suculento, perfumado, de sabor ácido e agradavelmente pronunciado.
Há deles mais doces ou mais azedos.
Afinal, só no Brasil são conhecidas mais de 150 variedades de maracujás nativos, sendo que, tanto para o consumo fresco para fazer sucos como para a indústria, o mais comum e comercial é o maracujá-azedo ou maracujá amarelo (Passiflora edulis )
Ou seja, de tantos, conhecemos UM.
Maracujá de Casca Roxa – Nutritivo e calmante
Sua maior produção se dá no Nordeste, onde o clima é mais favorável.
Algumas variedades de casca roxa como este podem ser encontrados mais frequentemente nas regiões Sul e Sudeste do país.
Embora o maracujá seja tido muitas vezes como calmante, sabe-se que o alcalóide de ação sedativa praticamente não está presente no fruto, mas somente nas folhas e raízes.
De qualquer forma, que ele acalma, acalma.
Seja porque é bom, seja porque é refrescante, seja porque é muito nutritivo.
Bem, cheguei em casa, congelei alguns e parti outros.
Comi uma colherada da polpa, julguei boa para suco e tudo o mais que se pode fazer com ele.
Mas não pude jogar fora a casca.
Afinal, o pigmento estava todo lá.
Lembrei de uma geleia deliciosa que minha amiga Silvinha faz com as cascas grossas do maracujá comum misturadas depois com as sementinhas.
E também das pétalas de casca em compota que comi no Tordesilhas na semana passada durante nossa reunião para a aula de amargos.
O doce tinha um amarguinho de fundo muito bom, com todo o aroma e gosto peculiar do maracujá.
Então, foi só cozinhar as cascas e fazer uma geleia como a da Silvinha, já que para pétalas a espessura era fina demais.
Maracujá de Casca Roxa – Nutritivo e calmante
Geléia de maracujá roxo
- 8 maracujás roxos;
- Água;
- Açúcar.
Lave bem os maracujás, parta ao meio e tire a polpa.
Reserve.
Coloque as cascas numa panela, cubra com água e leve ao fogo e deixe cozinhar por cerca de 15 minutos ou até ficarem macias.
Escorra e, com uma colherinha separe a polpa macia da película externa, mais dura.
Bata esta polpa com mixer até que fique bem cremosa.
Reserve uma colher (sopa) das sementes e bata o restante com um pouco de água, sem deixar quebrar as sementes.
Coe, descarte as sementes retidas e junte o suco à polpa das cascas.
Meça o volume desta mistura e acrescente metade deste volume em açúcar.
Misture tudo numa panela e leve ao fogo.
Quando começar a espessar como um doce cremoso, junte as sementes reservadas, deixe ferver e tire do fogo.
Guarde na geladeira em vidro limpo e aferventado e use como usaria qualquer outra geleia.