Intercâmbio na terceira idade – Uma experiência única
A busca por uma experiência de intercâmbio na terceira idade vem aumentando cada vez mais no Brasil.
E motivos não faltam para quem quer embarcar nesta viagem: se atualizar através do convívio com os mais jovens, aprimorar-se em uma profissão, conhecer novos lugares além, de claro, aprender inglês.
E para mostrar que realmente nunca é tarde para realizar o sonho do intercâmbio, convidamos Eliane Kanner, de 60 anos, que não viu em sua idade um empecilho para embarcar nesta jornada tão desafiadora.
Nascida em São Paulo, ela sempre pensou em morar fora definitivamente, e a partir de outubro de 2015, esta ideia começou a tomar forma.
“Estava passeando no shopping Frei Caneca e havia uma feira de intercâmbio.
Contei que gostaria de ir para o Canadá e eles me explicaram quais eram as etapas, desde a escolha do curso, até a aplicação do visto.
Fiquei superanimada e já marquei minha visita ao escritório para começar todo o meu processo.
Comecei a ver tudo em outubro de 2015 e embarquei em abril de 2016”.
O Canadá nunca foi uma dúvida para Eliane.
“O país não tem discriminação e tem programas fortes de fomento da diversidade de cultura.
Além disso, há muito respeito entre as pessoas e claro, a segurança que é um dos maiores atrativos dos brasileiros que desembarcam por aqui”.
O desafio de contar para a família
Quando decidimos fazer um intercâmbio, a hora de contar para a família que iremos passar um bom tempo fora e talvez imigrar é um tanto quanto complicada.
Eliane, pois bem, não se enquadra neste perfil.
Ela já estava com tudo planejado e dar a notícia aos familiares foi uma tarefa relativamente fácil.
“Eu contei primeiro para meus amigos, pois sabia que minha família ia receber esta notícia com um pouco de receio, até pela minha idade.
Então o que eu fiz foi contar para eles com três semanas de antecedência, com passagem e visto em mãos!”, conta rindo a paulistana.
Mas Eliane ressalta que fazer intercâmbio requer muito planejamento, inclusive financeiro.
Ela, que não é casada e não tem filhos, reuniu seus irmãos para contar os detalhes de sua viagem e falar sobre o assunto.
“Falei para eles que estava guardando dinheiro há muito tempo, já estava com praticamente tudo pronto: escola, estadia e tinha o apoio em Vancouver, caso precisasse de algo.
Eles ficaram supertranquilos e muito felizes por mim.
Tive até uma festinha de despedida!”.
Estudar em Vancouver
Formada em literatura, inglês e francês pela Universidade de São Paulo e Tradução pela University of Georgetown, em Washington DC, Eliane escolheu Vancouver para fazer um curso de um ano em Customer Service (Atendimento ao cliente) na modalidade de Co-op.
Intercâmbio na terceira idade – Eliane
“Eu queria ficar mais na minha área para, se possível, trabalhar com turistas, já que tenho um bom inglês.
E este tipo de curso, que combina estudo + trabalho, é muito interessante.
E a escolha de Vancouver se deu porque, além de ser uma cidade super turística, o clima é um dos mais amenos do Canadá e para nós brasileiros, isso faz muita diferença”.
O curso de Customer service terminou em abril deste ano e sem perder tempo, Eliane já ingressou no curso Travel and Tourism (Viagem e Turismo).
As aulas são quarta, quinta e sexta-feira.
E ela divide classe com alunos de diversas nacionalidades e com idades distintas. “E não posso perder nenhum dia de aula!”.
“Para se ter ideia, na minha sala tem aluno de 18 anos!
Mas de maneira alguma me sinto excluída por eles.
Pelo contrário, muitos me pedem ajuda, principalmente com o inglês.
É uma troca de informação diária, em que eu aprendo muito com eles e acredito que eles comigo também”.
Intercâmbio na terceira idade – Uma experiência única
Troca de experiências
Sempre disposta a ajudar, Eliane compartilha seus conhecimentos em sala com todos.
“Fazemos muitos trabalhos juntos, e apesar da diferença de mentalidade, me sinto muito confortável nas discussões de ideias.
Em muitos momentos eu converso com os professores para trocar informação e isso me ajuda muito”.
O relacionamento com os colegas de classe também atravessa as paredes da sala de aula.
“Eu utilizo todas as instalações do college, desde o restaurante aos locais para estudo.
Isso me ajuda muito a aumentar meu círculo de amizades”.
Morar em casa de família
Logo quando começou seu planejamento para o Canadá, Eliane tinha que escolher em qual opção de moradia iria ficar.
“Desde o primeiro momento eu optei pela homestay, que é quando você divide seu dia a dia com uma família local.
Eu queria participar e entender o que uma família canadense fazia, por isso não tive dúvidas quanto à escolha”.
“Aqui, eu moro na casa de um casal de filipinos e gosto muito.
Quando eu cheguei, eles me mostraram a redondeza, como pegar o skytrain e os pontos de ônibus próximos”, destaca a paulistana, que já havia ido ao Canadá a passeio, mas ainda não tinha morado no país.
Portanto, aos olhos dela, este suporte da família foi fundamental.
“Eles têm um filho e uma filha, mas não moram na casa.
Às vezes, eles visitam a gente e posso encontrá-los, mas não os conheço muito bem.
Eu tenho meu quarto privado, mas na residência, existem outros estudantes, ao todo sete, de nacionalidades diferentes: Japão, Colômbia, Taiwan e Coreia.
Mas sempre entra gente nova, porque a garotada volta para seu país e eles recebem outras pessoas”.
Vantagens de morar em homestay
Para Eliane, a grande vantagem de estar em casa de família é a comodidade.
“Eu não preciso fazer comida e isso é ótimo.
Dentro do meu ‘pacote’ eu tenho duas refeições – café da manhã e jantar – pois passo o dia fora e almoço na escola.
A dona da casa deixa a comida preparada todos os dias para a gente, então é só comer”, conta dando risadas.
“Eles preparam muito carne de porco, mas não gosto muito.
Mas é tudo uma questão de conversar com eles”.
Participar da cultura da família é uma forma de fazer amizades e ter com quem contar.
“Por exemplo, quando eu cheguei aqui, o netinho do casal nasceu e eles fizeram uma festinha.
Foi muito legal, pois eles me chamaram e esta foi a primeira vez que conheci a família inteira”.
Lazer em Vancouver
Como toda cidade turística, Vancouver nos abraça com opções para todas as idades.
“Adoro fazer visitas em galerias de arte e passear pelos principais pontos desta cidade, que não cansa de ser linda.
Logo quando cheguei eu peguei aquele ônibus de turismo e fiz um belo passeio, para conhecer mesmo.
Adoro ir ao Stanley Park, Queen Elizabeth Park e andar pela região de Gastown”.
Eu também me associei à Sociedade de Tradutores e Intérpretes de British Columbia (Society of Translators and Interpreters of British Columbia) e tenho algumas atividades, pois quero tirar a certificação e trabalhar nesta área aqui.
Me chama muito a atenção também os eventos pela cidade.
No aniversário de 150 anos do Canadá, por exemplo, eu trabalhei como voluntária no Canada Place.
Eu ajudava o pessoal a tirar foto em um quadro de Donuts e foi muito legal.
Depois vi a queima de fogos e só voltei para casa por volta de meia noite.
Sozinha e sem medo algum!
Isso é Canadá!”.
Para finalizar, Eliane ressalta que nunca é tarde para alcançar seus objetivos e realizar um intercâmbio na terceira idade.
“Eu economizei dinheiro no Brasil e tive muito foco.
E hoje posso dizer que tudo que estou vivendo está valendo muito a pena!
Eu quero é ter qualidade de vida e aqui eu tenho isso”, comemora Eliane, que pretende se tornar uma cidadã canadense e trabalhar com línguas em Vancouver, seja como tradutora (atividade que exercia no Brasil), guia de turismo ou em agência de viagem.
fonte: 3ra intercâmbio