Avós e netos – A beleza do tempo para sempre lembrar.
Mais de 7 mil quilômetros separam a fotógrafa Ivette Ivens e seus dois filhos, que moram em Chicago (EUA), dos avós maternos lituanos.
E somente uma vez por ano esse encontro é possível.
No verão passado, a mãe registrou a família, exaltando a semelhança entre eles e a poesia que há no envelhecer
Saudade.
Foi esse o sentimento que impulsionou a fotógrafa lituana Ivette Ivens, 27 anos, a registrar os raros momentos que os filhos, Kevin, 5, e Dilan 3, passam junto dos avós maternos.
A sensação começou há sete anos, quando ela deixou a Lituânia e partiu para Chicago (EUA) para começar uma família.
“Depois que me mudei, não vejo meus pais com tanta frequência, apenas uma vez ao ano.
Como sei que não temos muito tempo – eles já estão com mais de 70 anos –, passei a apreciar cada instante que vivemos juntos”, conta a fotógrafa, que é casada com um norte-americano.
O verão passado (que vai de julho a setembro no Hemisfério Norte) foi a última vez em que a família se reencontrou e foi também a primeira em que Ivette decidiu sacar sua câmera e capturar o relacionamento de Romualdas e Jadvyga, seus pais, com os netos – sem nenhuma pretensão especial.
A princípio, as fotos serviriam simplesmente para compor o álbum de família.
“Eu nem estava compartilhando as imagens em minhas redes sociais porque achava que elas eram muito pessoais e porque minha mãe não gosta de ser fotografada, muito menos de aparecer na internet.
Mas um dia eu tirei uma foto deles quatro dormindo e fiquei apaixonada. Então, postei em meu perfil”, conta.
O retrato recebeu tantos elogios que Ivette decidiu reunir todos os registros que havia feito ao longo daquela temporada em um projeto e nomeá-lo de Gerações.
Em fotos coloridas e em preto e branco, ela capturou o vínculo entre netos e avós em situações espontâneas.
“A maneira como eles agem naturalmente, sem ligar para a presença da câmera, e a forma como eles se amam é muito bonita e genuína”, conta ela, que eternizou passeios ao ar livre, leituras e cochilos preguiçosos.
A maternidade, aliás, foi o empurrão que faltava para que Ivette entrasse no mundo da fotografia há cinco anos.
“Sempre amei crianças e sabia que eu seria mãe cedo.
Não queria esperar ou ter uma carreira consolidada antes.
Sabia que era minha vocação”, diz.
Elo familiar
Quem vê a cumplicidade da família pelas lentes de Ivette pode nem imaginar a distância que os separa.
Mas isso se tornou possível porque, segundo ela, mesmo morando em países distintos, os avós sempre participaram da criação dos meninos e conseguiram conquistá-los com facilidade.
“Meu pai é o avô que qualquer criança gostaria de ter.
Ele aproveita muito o tempo que passa com meus filhos e conta histórias.
Ainda que mais introspectiva, minha mãe também é a melhor.
A relação de ambos com Kevin e Dilan é maravilhosa desde a primeira vez em que se viram”, conta.
A mãe de Ivette, Jadvyga, encontrou ainda outro significado para as imagens:
“Ela não estava conseguindo lidar muito bem com o fato de estar envelhecendo e as fotos serviram como uma terapia para ela enxergar a beleza da sua idade”, explica.
Além de valorizar a estética e a graça da fase atual da vida dos pais, de forma sensível, Ivette se atentou ainda para as semelhanças existentes entre o comportamento de avós e netos, apesar das décadas que separam suas idades.
“Às vezes, as crianças começam a falar e caem no sono.
É engraçado, porque, hoje, meu pai tem esse comportamento também.
Eles são tão parecidos!”, conta a fotógrafa.
“Nossos pais estão envelhecendo e ficando mais brincalhões, mas eles também têm tanto conhecimento…
E nós somos o que somos por conta deles.
Devemos agradecer por isso e dar a eles os melhores anos de sua velhice, assim como fizeram quando éramos crianças”, diz a fotógrafa, que já está preparando a câmera para eternizar, mais uma vez, a próxima visita à casa de seus pais.
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fonte: revista crescer editora globo