Pedras na vesícula e cálculo biliar nos idosos.
Pedras na vesícula: Ela é fundamental no processo de digestão e tem a função de armazenar a bile, substância produzida pelo fígado.
Dr. Nelson Liboni, Cirurgião do Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, responde as principais dúvidas sobre o órgão e sobre o cálculo biliar, também conhecido como pedra na vesícula.
Qual a função da vesícula biliar?
A vesícula é fundamental no processo de digestão.
Ela tem a função de armazenar a bile – substância produzida pelo fígado – que ajuda a processar os alimentos gordurosos.
Quais os sintomas apresentados pelos pacientes com problemas na vesícula?
Os cálculos biliares, popularmente conhecidos como pedras na vesícula, podem causar náuseas, vômitos, desconforto abdominal, intolerância a alimentos gordurosos, gases, inchaço, sensação de gosto amargo e dores de cabeça.
Alguns pacientes também sentem cólicas e dores pontuais nas costas, enquanto outros passam anos sem apresentar nenhum sintoma.
Qual o tratamento para os cálculos biliares (pedras na vesícula)?
O tratamento clínico tem demonstrado resultados insatisfatórios, por isso é recomendada a colecistectomia, uma cirurgia para retirar a vesícula biliar, em geral feita via vídeo laparoscopia ou robótica.
O método é seguro e a recuperação do paciente é rápida, podendo voltar às atividades profissionais e esportivas, em média, após 5 ou 6 dias.
Quais as complicações podem acontecer sem a cirurgia?
Os pacientes não operados correm o risco de 30 a 50% de sofrerem complicações graves como, por exemplo:
– Colecistite aguda
Ocorre quando um cálculo (pedra) obstrui o ducto cístico causando inflamações e acúmulo de pus, peritonite (inflamação do peritônio, tecido que reveste a parede interna do abdômen e cobre a maioria dos órgãos da região abdominal) ou mucocele (acúmulo de muco);
– Fístulas (perfurações) para o intestino delgado ou cólon
Causa obstrução intestinal (íleo biliar), sangramento e infecções; coledocolitíase (cálculos no ducto que transporta a bile); colangite e papilites (inflamação das vias biliares) e pancreatite (inflamação no pâncreas).
A mortalidade nesses casos é de 7 a 15%.
O paciente não apresenta sintomas, apesar de ter cálculo vesicular.
Quais os riscos de não operar?
O tratamento, tanto para quem apresenta sintomas quanto para quem não apresenta, é a remoção cirúrgica da vesícula biliar (colecistectomia).
Os pacientes que adiam muito esse procedimento correm o risco da piora do quadro e de ter que se submeter à cirurgia de emergência, sem a assistência e os acompanhamentos de doenças cardíacas, diabetes, entre outros, que poderiam ter sido feitos em uma cirurgia planejada, tornando-se um procedimento de risco, em especial para os idosos.
Em quais casos a cirurgia não é indicada?
Somente pacientes com contraindicações clínicas graves, como doenças cardiovasculares e cirrose hepática devem ser tratados clinicamente, utilizando remédios, sendo submetidos à cirurgia somente no caso de complicações.
No caso de gestantes, a situação deve ser estudada e discutida.
Em 50% dos casos, as pacientes já apresentavam sintomas ou sabiam da doença, mas não realizaram a cirurgia antes de engravidarem.
A retirada da vesícula deve ser realizada apenas quando o tratamento clínico não apresenta efeito ou devido à gravidade do caso.
As cirurgias são mais seguras se feitas no segundo trimestre de gestação.
Quando feita eletivamente, a mortalidade materna é baixa e a fetal, de cerca de 5%.
No entanto, quando operadas em caráter de urgência, a mortalidade materna alcança 15% e a do feto, 60%.
Após a cirurgia, quais os cuidados devem ser tomados?
Nos dias seguintes à cirurgia é importante que o paciente siga as orientações médicas corretamente.
O corpo passará por um processo de adaptação para funcionar sem a vesícula, por isso é recomendável que a alimentação seja balanceada e com baixo teor de gordura.
A maioria dos pacientes que é submetida à colecistectomia tem uma vida normal após a cirurgia, mas alguns sintomas como gases e fezes amolecidas podem aparecer após a ingestão de alimentos gordurosos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito através do exame de ultrassom.
É importante que o médico investigue também patologias associadas como gastrite e úlceras utilizando a endoscopia, para que sejam tratadas em conjunto e haja alívio dos sintomas digestivos.
Os cálculos biliares são todos iguais?
Existem dois tipos de cálculos biliares: os de colesterol e os pigmentares.
Os de colesterol representam 80% dos casos.
O colesterol faz parte da composição normal da bile, junto com a água e os sais biliares, entre outros elementos.
Ele não é solúvel em água e para ser excretado na bile é necessário que se associe com a lecitina e os sais biliares.
Quando, por algum motivo, há um desequilíbrio nessa associação, pode formar-se o cálculo biliar.
Toda essa síntese é complexa e muito estudada, mas ainda não foi completamente compreendida pela medicina.
Um dos casos para a mudança dessa concentração da bile é a chamada “vesícula preguiçosa”, quando há uma diminuição do esvaziamento do órgão.
Já os pigmentares podem ser negros ou marrons e são mais comuns em países asiáticos.
Eles representam um terço dos cálculos que aprecem durante a infância e aparecem quando o organismo produz um nível anormal de bilirrubina, anemia, cirrose hepática e infecção biliar.
As pedras da vesícula são iguais às pedras nos rins?
Não.
Tanto a composição quanto o tratamento são diferentes.
As pedras na vesícula são compostas por colesterol ou pigmentos, enquanto as renais têm em sua origem o acúmulo de cálcio, cistina ou ácido úrico.
O tratamento também difere, já que os cálculos vesiculares não são expelidos como os renais.
Quais fatores contribuem para o aparecimento do cálculo vesicular?
Os fatores mais comuns são:
Hereditariedade:
Fator importante, pesquisas mostram incidências duas vezes maiores em parentes de primeiro grau;
Idade:
apesar de poder aparecer em qualquer fase da vida, as chances aumentam com o passar dos anos.;
Sexo:
Mulheres são mais suscetíveis à doença – quatro vezes mais do que os homens – em especial as que estão no climatério (menopausa), as que utilizam anticoncepcionais e as gestantes;
Obesidade:
Em especial por causa da maior concentração de colesterol na bile;
- Cirurgias como as de obesidade mórbida (redução do estômago);
- Doenças como Crohn, porfiria, fibrose cística do pâncreas, lesão da medula espinhal, cirrose hepática e diabetes por obesidade;
Uso de medicamentos:
Para hiperlipedemias (colesterol alto) e estrógenos. Diuréticos estão sendo estudados;
Dieta:
Alimentação rica em açúcares e gorduras favorece o aparecimento dos cálculos.
fonte: hospital oswaldo cruz
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