Família – Todos juntos jamais seremos vencidos.
A noção de família antecede a vida humana.
Ela inicia no afeto que os mamíferos desenvolveram ao produzir, no próprio corpo, o leite generoso e inexplicável que permitia sustentar suas crias e, simultaneamente, estabelecer vínculos emocionais, de reconhecimento, apego, dedicação e atenção.
O que nós – autoproclamados mamíferos superiores e pensantes – fizemos através de milênios foi criar regras sociais, culturais e religiosas para preservar as estruturas familiares.
Surgiram leis, deveres, obrigações. E…
Que confusão, né?!
Briga por herança, divórcios regados a ódios, ressentimentos e filhos usados como munição.
Mães solteiras, menores abandonados, conselho tutelar, Estatuto da Criança e do Adolescente, violência doméstica, escolas públicas como “privada” de todos os conflitos familiares e sociais.
Mas olha aqueles vizinhos: família unida, amor invejável, viajam juntos, churrascos todos os domingos.
Quando um adoece, todos ficam de cama.
Surge um problema e todos se reúnem.
Só um detalhe: os agregados – noras e genros – ou se adaptam e entram para a “família” ou serão figuras secundarias.
Pois é.
Família – Todos juntos jamais seremos vencidos.
Tem família de tudo quanto é jeito: as frias e distantes, do tipo cada um cuida de si e se reúne no Natal, Dia das Mães, velórios ou casamentos; as brigonas, que discutem, ofendem, mas vira e mexe estão juntas e, ainda, as que se espalham e pouco se veem.
No mundo atual, o grande fenômeno é o das famílias em mosaicos, em que o par de ex-casados busca formar um lar, em que filhos de uniões passadas tentam o que já é difícil em famílias tradicionais: conviver pacificamente com os enteados da mãe e/ou do pai e, às vezes, com os irmãozinhos do novo casal.
Separa, casa, separa, casa, pois, um dia, se perceberá que jogar a expectativa em alguém – conjugue, filho ou irmão – é a solução das nossas insatisfações e carências, e o mesmo que achar que o mundo não terá mais crises ou guerras.
Como todas as instituições, a família está em crise.
As novas gerações são tecnológicas, ansiosas e imediatistas.
Jovens são mais egoístas, narcisistas e independentes, e, os pais e avós têm que se adaptar e buscar penetrar nesse mundo virtual e distante, local em que os jovens vivem e parecem nem se importar com nada.
Há um abismo impressionante entre as gerações.
Acabou o respeito, ou não estamos conseguindo nos impor?
Não há amor, ou não temos plantado e cuidado das relações afetivas?
Se a dica valer, vai um lembrete: nunca vi jovens tão carentes de afeto, conversas alegres, casos antigos e “ridículos”, como atenção e cafuné.
Adoro lidar com a geração “Y”, pois ao me comunicar com eles vejo as mesmas carências, inseguranças, ciúmes e conflitos que tinha quando era jovem.
Eles apenas não vão mais para a rua e para a turma: ficam nos celulares e na internet.
E, como todos, precisam da família quando tudo dá errado.
Fonte: O tempo