Tamarindo – Tem propriedades terapêuticas e muito mais.
A tamarindo fornece nutrientes, tem benefícios terapêuticos e ainda atua como protetor solar e hidratante para os cabelos.
O termo “tamarindo” origina-se do árabe (tamr hindī), que em português significa “tâmara da Índia”.
A tamarindo (Tamarindus indica L.), é uma espécie que pertence à família das leguminosas, ou seja, são plantas cujas sementes crescem em vagens.
Segundo pesquisa, é um alimento de origem africana, embora seja cultivado principalmente na Índia, possui sabor ácido e doce e faz muito bem à saúde.
Sua árvore pode crescer naturalmente em regiões de clima tropical e subtropical e mede aproximadamente 20 metros de altura.
Ela possui flores que apresentam cores amarela e vermelha.
Os frutos (tamarindos) possuem casca marrom e formato de vagem.
Cada fruto pode apresentar de 1 a 10 sementes, que ficam presas na polpa da tamarindo.
De acordo com um estudo, a tamarindo foi introduzido em mais de 50 países, e os principais produtores comerciais são a Índia e a Tailândia, sendo que no continente africano a produção desse fruto destina-se ao uso próprio.
No Brasil, o cultivo de tamarindo ocorre em quase todos os estados, sendo consumido principalmente no Nordeste.
Para que serve a tamarindo
A polpa do fruto tamarindo é utilizada como especiaria, tempero e em diversas receitas.
Pode ser utilizada para fazer molhos, sucos, geleias, doces e até bebida alcoólica, por meio da fermentação da polpa.
A semente é obtida por meio do processamento da polpa e não possui um sabor muito agradável, por esse motivo ela é mais utilizada na indústria têxtil e de papel, como componente em alguns produtos.
Além disso, o germe da semente é utilizado na produção da goma de tamarindo, que é muito utilizada na culinária japonesa.
As flores e as folhas podem ser ingeridas como se fossem vegetais, em saladas e sopas.
Composição nutricional
Tamarindo tem propriedades terapêuticas e muito mais
Segundo dados da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco), para cada 100 g de tamarindo cru foram encontrados aproximadamente:
- 300 kcal,
- 3 g de proteína,
- 0,5 g de lipídeos,
- 70 g de carboidrato,
- 6 g de fibra alimentar;
- 40 mg de cálcio,
- 0 mg de colesterol
- e quantidades significativas de ferro,
- fósforo,
- zinco,
- vitamina B1,
- vitamina B2 e
- vitamina C.
Benefícios à saúde
Estudos indicam que esse alimento serve para o tratamento de problemas no aparelho digestivo, ajuda no combate à produção de gases no intestino, possui propriedade expectorante (ajuda a expelir as secreções acumuladas nos brônquios), laxativa, favorece a digestão e existem pesquisas que o relacionam à cura da febre da malária.
Descobertas apontam que a tamarindo dispõe de atividade antibacteriana, antifúngica e anti-inflamatória, além de apresentar efeito antidiabético.
A semente da tamarindo é utilizada no combate a vermes, no tratamento de doenças oculares e úlceras.
A parte externa da semente é capaz de atuar no tratamento de queimaduras.
As mesmas pesquisas apontam, ainda, que a semente da tamarindo possui atividade antioxidante devido à presença de flavonoides, que são capazes de combater os radicais livres (responsáveis pela perda de células saudáveis) presentes em nosso corpo, por meio de processos de oxidação.
Tamarindo na cosmética
Foram realizadas análises por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP)sobre a capacidade da tamarindo atuar no tratamento de cabelos e protegê-los contra raios ultravioleta (UV).
O resultado foi positivo e foi comprovado que a polpa desse alimento forma um filme protetor nos cabelos, que, além de hidratar e dar brilho, protege os fios contra os raios UV e a luz visível.
A tamarindo também é utilizado, principalmente na Indonésia, como tintura natural para os cabelos.
Além disso, a sua semente, quando triturada e misturada com vinagre ou suco de limão, previne a formação de espinhas.
O uso de um suco preparado com farinha de tamarindo promoveu uma redução de 24% na taxa de triglicérides de voluntários.
É o que mostra um estudo que avaliou os impactos do uso do fruto no controle dos distúrbios bioquímicos associados ao diabetes.
A pesquisa foi realizada pela Embrapa e Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Triglicérides, ou triglicerídeos, são um tipo de gordura presente no sangue que, em quantidades elevadas, aumenta o risco de doenças cardíacas e outros problemas de saúde, principalmente quando o colesterol também está alto.
O consumo da tamarindo também promoveu leves reduções no colesterol total, no índice de massa corporal e na circunferência da cintura dos voluntários.
O estudo apontou ainda que o produto apresenta baixo índice glicêmico (IG).
Esse indicador mostra o quão rápido um alimento ingerido consegue aumentar a glicemia (a glicose no sangue).
Participaram do experimento 164 adultos e idosos com diabetes, com peso adequado ou até leve obesidade.
Do total, 82 pacientes apresentavam glicemia controlada e os demais, glicemia elevada.
Durante quatro semanas, metade dos voluntários consumiu o suco preparado com a farinha de tamarindo e a outra ingeriu placebo.
Potencial para ajudar no controle da doença
Tamarindo tem propriedades terapêuticas e muito mais.
A intervenção contou com cinco encontros.
A cada encontro, os voluntários recebiam envelopes com desidratado de tamarindo, para utilização ao longo da semana.
Os pacientes passaram por consultas e exames para determinação do perfil glicêmico e lipídico, verificação da ingestão alimentar e avaliação antropométrica (medidas de peso, altura, circunferência da cintura e do quadril).
Os resultados deixaram os cientistas animados.
A equipe acredita que o produto pode ser utilizado como adjuvante para o controle do perfil lipídico de indivíduos com
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A pesquisadora Ana Paula Dionísio, da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), esclarece que o estudo com alimentos funcionais busca o desenvolvimento de novos produtos que promovam benefícios à saúde dos consumidores.
“Com esse tipo de resultado, temos condição de incentivar a população a consumir mais frutas.
Com isso, incentiva-se também a produção”, completa o pesquisador Nedio Jair Wurlitzer, da mesma Unidade de pesquisa da Embrapa.
A pesquisa foi financiada pela Embrapa e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Efeito específico sobre triglicérides é interessante
A nutricionista Tatiana Uchôa Passos, responsável pela etapa da pesquisa com os pacientes no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (CIDH), diz que nenhum dos medicamentos distribuídos pelo sistema público de saúde no Brasil apresenta ação específica sobre o triacilglicerol (triglicérides) no sangue.
Segundo ela, os remédios agem sobre o perfil lipídico como um todo, especialmente sobre o colesterol total.
“Observando por esse aspecto, a utilização da farinha de tamarindo seria ainda mais interessante para aqueles pacientes cuja inadequação lipídica seja apenas nos triglicérides”, conclui a nutricionista que desenvolveu tese de doutorado sobre a pesquisa.
De acordo com Tatiana Uchôa, as demais variáveis investigadas ainda carecem de avaliação.
“Diante da inovação proposta pela ideia desse projeto e da significância estatística encontrada com relação aos triglicérides, ficamos satisfeitos com os resultados e instigados a dar continuidade aos estudos futuramente”, conta.
A nutricionista ressalta, ainda, que é necessário ter hábitos alimentares saudáveis para que, ao se consumir alimentos com atividade fitoterápica ou funcional, eles possam, de fato, ser aproveitados.
“A fitoterapia possui resultados ainda mais evidentes quando associada a um plano alimentar saudável e individualizado”, afirma.
Redução da acidez da fruta
Uma desvantagem da tamarindo é a elevada acidez, que provoca rejeição em um determinado grupo de consumidores.
Para aumentar a aceitação de derivados da fruta, a Embrapa Agroindústria Tropical atua agora no desenvolvimento de um suco de tamarindo com acidez parcialmente neutralizada.
“A tamarindo é muito ácido, e muitas pessoas rejeitam ou então diluem muito o suco”, diz a pesquisadora Ana Paula Dionísio.
Os pesquisadores também estão testando a tamarindo parcialmente neutralizado para averiguar se as propriedades benéficas serão mantidas.
Esses testes estão em andamento com a parceria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Paralelamente, a equipe do Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais da Embrapa avalia quimicamente os produtos, para investigar quais os componentes responsáveis pelos efeitos benéficos à saúde.
“Se identificarmos que polifenóis atuam com as fibras, para o efeito na saúde, teremos a possibilidade de concentrar esses componentes e utilizar em um novo produto”, explica Nedio Wurlitzer.
Alimentos funcionais
O desenvolvimento da farinha de tamarindo e a avaliação dos efeitos em pacientes com diabetes fazem parte de uma linha de estudos com alimentos funcionais desenvolvida na Embrapa Agroindústria Tropical.
De uma forma geral, o esforço de pesquisa, desenvolvimento e inovação nos estudos com alimentos funcionais começa com a identificação e caracterização de novos componentes bioativos aplicáveis em alimentos e suplementos alimentares.
As pesquisas evoluem para o uso dessas matérias-primas no desenvolvimento de produtos comprovadamente funcionais, com formulações diferenciadas, versáteis e adequadas às necessidades dos consumidores.
Os pesquisadores observam como o processamento pode ampliar os efeitos desejáveis dos componentes bioativos, bem como a estabilização desses ingredientes para a produção de insumos industriais ou produtos.
Quando necessário, são realizados ensaios de toxicidade, testes pré-clínicos e clínicos envolvendo células, animais e, por fim, grupos de consumidores, para avaliar e comprovar os efeitos benéficos à saúde humana.
font: embrapa e ecycle