Solidão – Procure estar sempre com amigos e parentes.
Pesquisa mostra que a persistência desta sensação pode até prejudicar o funcionamento das células.
Na correria do dia a dia, nem sempre sobra tempo para encontrar os amigos ou dedicar um momento para o trato com a família.
Mas a necessidade humana de interação e troca não pode ser deixada em segundo plano.
A prioridade deve ser a mesma dada a outros cuidados com a saúde.
Os estudos demonstram que…
Isso porque estudos da psicologia têm apontado que a ausência de convívio social pode ser tão nociva ao organismo quanto o tabagismo ou a obesidade.
Estudos científicos liderados pelo psicólogo John Cacioppo, da Universidade de Chicago, têm abordado os riscos do isolamento.
As pesquisas demonstram, dentre outras coisas, que a persistência da sensação de solidão pode prejudicar o funcionamento de células imunológicas, comprometer a reflexão, a disposição e a regulagem das emoções.
E os problemas não param por aí. Estudo de Cacioppo em parceria com as universidades de San Diego-California e de Harvard, divulgado em 2009, demonstrou que a solidão pode ser contagiosa.
Em um mecanismo semelhante ao de um vírus, pessoas solitárias, antes de perder os amigos, transmitiriam para estes o sentimento de solidão, criando uma verdadeira rede de pessoas solitárias que cada vez se distanciam mais do núcleo de interação.
Segundo a psicóloga Aderlane Maia, a sensação de isolamento pode ser tanto um ponto de partida desencadeador da depressão, como um sintoma de que o problema se instalou.
Solidão – Procure estar sempre com amigos e parentes
“Quem está dentro de um processo de isolamento, afastado do convívio social, deve buscar ajuda profissional rápido.
Muitas vezes, a própria pessoa nem tem energia para tomar essa iniciativa e deve ser ajudada pela família ou por um amigo”, alerta a psicóloga.
De acordo com a especialista, desde Aristóteles, há 300 anos a.C, já se chegou à compreensão que o homem é um ser social e político.
É através do convívio, com a comparação entre a nossa própria realidade e o mundo que nos cerca, que nos é exposta a noção sobre conceitos como realização e felicidade.
“Ninguém que se encontra em isolamento consegue ter essa noção do que é estar feliz.
Porque ele não vai ter parâmetro comparativo”, explica Aderlane.
“Ser ajudado pela família ou por amigos é fundamental”, disse Aderlane Maia.
Família e amigos são fundamentais para quem deseja ter uma vida saudável.
Dentro dessa perspectiva, amigos e família tornam-se fundamentais para quem quer ter uma vida saudável, assim como a boa alimentação e a prática de atividade física.
Mas do mesmo modo que muita gente aponta a falta de tempo como desculpa para não investir nos relacionamentos entre amigos, também estaria cada vez mais difícil encontrar tempo para vivenciar as amizades.
A atenção com a manutenção dos vínculos sociais tem ficado em segundo plano na rotina de muita gente.
Mas investir na interação é só uma parte do processo.
Apesar de importantes, os vínculos sociais não substituem os bons momentos dedicados exclusivamente a si mesmo.
“Sair do grupo, ter um tempo para você também é essencial.
Alcançar esse equilíbrio é que vai dar o diferencial”, afirma a psicóloga Aderlane.
Mesmo sem saber, a arquiteta Karine Tito segue a linha proposta pela psicóloga.
Ela é uma dentre as cerca de 93 mil pessoas no Piauí que optaram por morar sozinhas, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2010, pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Assim, como Karine, em todo o Brasil existem mais de sete milhões de pessoas vivendo sozinhas.
Mas viver só não significa isolamento.
Solidão – Procure estar sempre com amigos e parentes
“Eu gosto muito da minha companhia.
E acho que quando você se suporta bem, isso te ajuda a conviver melhor com as pessoas e ser mais bem suportado pelos outros”, acredita Karine.
“Eu gosto de estar só, assim como adoro estar acompanhada, mas em momentos mais breves.
Não preciso estar cercada de gente sempre pra me sentir feliz”, complementa a arquiteta.
Fatores tornam idosos bem mais vulneráveis.
O sentimento de solidão não é exclusividade dos idosos, mas tem maior possibilidade de alcançar esse grupo em razão de fatores inerentes à própria idade.
“O que favorece no isolamento do idoso é o fim do seu período de produção laboral, o que promove, muitas vezes, um encolhimento de sua liberdade de ir, vir, escolher, decidir”, explica a psicóloga Aderlane Maia.
Quando o idoso é internado em um asilo, o sentimento tem grandes chances de ser amplificado, pois há a inclusão da sensação de abandono da família.
Solidão na terceira idade
José Felipe Ribeiro, há 11 anos no Abrigo São Lucas, admite que a saudade de casa é fonte de tristeza.
No Abrigo São Lucas, localizado na zona Leste de Teresina, a preocupação em atenuar a sensação de isolamento está presente no momento da definição das programações de atividades voltadas para atender 48 idosos, grupo que atualmente reside no lugar.
A coordenadora do espaço, Liliane Costa, conta que alguns projetos visam prevenir ou, pelo menos, reduzir o problema, como é o caso do Programa Família Amiga, em que os familiares são chamados a atuar em parceria com a instituição no tratamento do idoso.
“Queremos acabar com essa ideia de que porque a pessoa está em um asilo, ela foi abandonada.
Pelo menos duas vezes no mês a família leva aquele idoso para casa, para interagir com filhos e netos”, explica Liliane.
Outras atividades, como o uso da música no ambiente comum e a realização de programações culturais também têm por intuito deixar a tristeza longe do grupo, mas a coordenadora do Abrigo admite que nem sempre isso é possível.
“O sentimento de solidão só quer um espaço para se instalar. Nós buscamos saídas para que a ociosidade não se torne solidão.
Mas independente de todas as saídas que a gente tente encontrar, esse sentimento muitas vezes prevalece.
Nós não somos a família deles.
Existe a lembrança dos filhos, dos netos e todo o controle que um abrigo como esse exige.
Eles podem sair, mas não têm a mesma liberdade que teriam se vivessem em casa”, diz Liliane.
Há 11 anos vivendo no Abrigo São Lucas, José Felipe Ribeiro não reclama do dia a dia, mesmo depois de ter sofrido um derrame que limitou seus movimentos, mas admite que a saudade de casa é fonte de tristeza.
“No meu dia não falta nada.
Mas no meu interior, internamente, eu sinto que falta”, admite.
Para combater a tristeza que teima em se acomodar, Ribeiro costuma visitar as duas filhas de vez em quando.
“De vez em quando eu vou lá”.
Como nem sempre o deslocamento é possível, o futebol virou distração para a solidão.
“Só ouvir meu futebol no rádio já distrai”, diz.
A psicóloga Aderlane Maia explica que a solidão não está inerente à condição de ser idoso.
“O idoso que tem uma vida ativa tem preservado seu prazer, desde que tenha associado à sua vida os valores familiares e de valoração de sua qualidade de vida anterior”, explica Aderlane.
“Conheço uma senhora de 80 anos que é superanimada e de bem com a vida, pois ela mantém seus momentos de interação social e uma rotina independente”, complementa a psicóloga, dando a senha para uma velhice mais saudável.
Solidão – Procure estar sempre com amigos e parentes
Internet ajuda, mas não salva as interações sociais
Vários amigos em rede.
A internet tem facilitado o contato entre as pessoas.
Através de redes sociais como Twitter e Facebook é possível conhecer novos amigos e entrar em contato com muita gente do passado.
“Observamos que as redes sociais quando bem utilizadas, favorecem encontros, a circulação de informações, a sensação de fazer parte de algo, o desejo de se incluir, de assemelhar-se, de regular-se pelo global, pelo senso comum”, afirma a psicóloga Aderlane Maia.
Mas é preciso saber que a internet é só um instrumento e não tem a capacidade infinita de ampliar vínculos.
As limitações estão no nosso próprio cérebro.
Solidão – Procure estar sempre com amigos e parentes
Hoje, é comum ver pessoas colecionando amigos em suas páginas, com muitas vezes mais do que 500 ou até 1.000 contatos.
Mas pesquisa realizada pela Universidade de Oxford demonstrou que o cérebro humano não é capaz de administrar mais do que 150 amigos em redes sociais.
Ou seja, possuir muitos contatos não significa que a interação social está ocorrendo de forma ampliada.
Mesmo porque, por mais positiva que possa ser a relação virtual, nada substitui o contato físico no mundo real.
“Assim como o cinema não substituiu os livros, nem a TV substituiu os cinemas, o contato virtual, independentemente de seu nível de evolução atual ou futuro, jamais substituirá a sensação advinda dos nossos órgãos dos sentidos direcionados ao mundo circundante”, afirma Aderlane Maia.
Para quem mora distante, a internet pode ser ponto de apoio nos momentos de solidão.
A psicóloga Aderlane Maia só alerta para os riscos de que a internet seja usada como substituto das relações estabelecidas no mundo real.
“A internet pode ser um instrumento muito positivo.
O problema é quando a pessoa se isola nas redes sociais e deixa de sair, estar em grupo, produzir e fazer as coisas do dia a dia para ficar teclando.
É preciso saber estabelecer o limite entre o patológico e o saudável”, afirma a especialista.
Para a arquiteta Karine Tito, a distinção entre mundo real e virtual é muito simples.
“Acho que as pessoas em geral se sentem cercadas de gente. Mas, de um certo modo, as relações estão muito mais superficiais.
Você tem milhões de amigos no Facebook, Twitter e afins e, na realidade, não conta em uma mão os que te visitam e te ligam para saber da vida e dos problemas”, acredita.
Vamos ter amigos para conversar, passear, trocar idéias, enfim: viver.
Estamos sempre com você!