Samba – Gênero que mais representa o povo brasileiro.
O samba é apontado por muitos especialistas de música popular e historiadores como o mais original dos gêneros nacionais ou o gênero que mais representa a formação da população brasileira.
A marginalização do samba mostra que sua centralidade é originalmente do Brasil.
E ele traz o registro de uma imensa mistura de ritmos e tradições que simbolizam a trajetória do país.
Origem do samba
O samba originou-se dos antigos batuques trazidos pelos africanos que vieram como escravos para o Brasil.
Esses batuques estavam geralmente associados a elementos religiosos que instituíam entre os negros uma espécie de comunicação ritual através da música e da dança, da percussão e dos movimentos do corpo.
Os instrumentos de corda foram acrescentados a partir das restrições feitas pelos senhores de escravos aos instrumentos de percussão.
Os ritmos do batuque aos poucos foram incorporando elementos de outros tipos de música, sobretudo no cenário do Rio de Janeiro do século XIX.
Samba – Gênero que mais representa o povo brasileiro
A inserção da população negra na sociedade brasileira se deu pelo trabalho, base da organização econômica e da convivência familiar, social e cultural.
A miscigenação avança, com um número cada vez maior de mulatos.
Nasce uma religiosidade popular em torno das irmandades católicas e dos terreiros de umbanda e candomblé. Em 1800, cerca de dois terços da população do país – 3 milhões de habitantes – eram formados por negros e mulatos, cativos ou libertos.
A cultura afro-brasileira é uma das que mais se destacam no cenário do sincretismo religioso no Brasil.
A música e a dança dos descendentes africanos são exemplos vivos do que é o patrimônio cultural do continente negro amadurecido ao longo do milênio.
Rio de Janeiro
A partir do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro, que se tornara a capital do Império, também passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do país, sobretudo da Bahia.
Essas condições permitiram o surgimento de movimentos em torno das religiões iorubás na região central da cidade.
Foi nessa ambiência que as primeiras rodas de samba apareceram.
Misturando-se os elementos do batuque africano com a polca e o maxixe.
Na virada do século XIX para o século XX, o samba foi se afirmando como gênero musical popular nos subúrbios.
A Reforma Pereira Passos também conhecida como responsável pelo surgimento das primeiras favelas no Rio de Janeiro – uma vez que a população trabalhadora mais pobre, expulsa de suas casas no centro, foi obrigada a ir morar nos morros para permanecer relativamente próxima do trabalho.
Nesse contesto, dois sambistas ficaram muito conhecidos nesse contexto: João da Baiana (1887-1974) que gravou o samba “Batuque na cozinha”; e Donga (Joaquim Maria dos Santos) (1890-1974), que registrou, em 27 de novembro de 1916, aquele que ficou conhecido como o primeiro samba registrado em gravadoras: “Pelo telefone”.
Samba – Gênero que mais representa o povo brasileiro
O ritmo se espalha pelo Brasil
A partir dos anos 1930, o samba ganhou grande espaço na indústria fonográfica.
Também foi usado politicamente pelo ditador Getúlio Vargas. Um dos grandes estudiosos das raízes do samba também era sambista.
Figurou entre os nomes que se alastraram no Rio de Janeiro nos anos 1930, Henrique Foreis Domingues (1908 – 1980). Sua obra No tempo de Noel Rosa busca por elementos folclóricos do samba urbano desenvolvido no Rio e relaciona esse gênero com as várias influências de outros ritmos musicais de várias partes do Brasil.
Nomes como Noel Rosa, Cartola, Wilson Batista e Nelson Cavaquinho também ganharam força e expressão na música.
A década seguinte traria as escolas de samba e blocos de carnaval, enviesando o gênero popular na elite brasileira.
A dança perdeu suas origens ritualistas, chegou ao morro – abraçando a população mais pobre do Brasil.
Chega as classes mais ricas, apontando uma ascensão meteórica.
No entanto, devemos sempre lembrar das condições que levaram o Samba a ser o que é: tristeza e saudade.
O poeta do Brasil, Vinícius de Moraes, fala na famosa composição Samba da Benção que o samba é a tristeza que balança.
Não se trata de música, um bom samba é uma forma de oração.
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