O homem e a autoestima na terceira idade.
Autoestima no homem da terceira idade: a expectativa de vida vem aumentando no mundo inteiro.
Os chamados países de “primeiro mundo” têm convivido com essa realidade progressivamente, desde o final do século XIX.
Já nos países em desenvolvimento, esse aumento começou a ser observado a partir da década de 70, como resultado da redução das taxas de natalidade e mortalidade.
Para se ter uma ideia, em 1900, a expectativa média de vida no Brasil era de 33 anos.
No final dos anos 90 essa expectativa subiu para 65 anos, ou seja, dobrou em apenas um século.
Com as pessoas vivendo mais tempo, gerou-se a necessidade de aprender a lidar e conviver com o idoso.
Tornou-se fundamental, atualmente, inserir o idoso no convívio social, respondendo as suas necessidades e desejos.
A psicóloga Mariuza Pregnolato nos ajuda a entender sobre a necessidade da Autoestima na Terceira Idade.
O homem e a autoestima na terceira idade.
Não, não perde, a menos que ele tenha se recusado a aceitar a inevitável passagem do tempo como um processo natural e pleno de possibilidades de aprendizagem e crescimento pessoal.
O homem que vive intensamente o momento presente, é capaz de ir aprendendo a lidar bem com os pedidos do seu próprio corpo e se adaptará continuamente a essas demandas de um modo leve e tranquilo.
Os felizardos que atingem essa condição, continuam tão ou mais vaidosos do que antes, porque continuam gostando de si mesmos e estão atentos para fazer, em termos de cuidado pessoal, tudo aquilo que mantém elevada sua autoestima.
O homem que se cuida depois dos 60 vive mais?
O homem que se cuida chega aos 60 com muito mais vigor e, portanto, gozará de uma vida mais longa com qualidade em todos os sentidos.
Aquele que desperta para se cuidar somente após os 60 terá, pelo menos, a possibilidade de desacelerar possíveis processos degenerativos em andamento no seu organismo.
Os que pintam o cabelo, fazem as unhas são mais felizes?
Felicidade é muito difícil de se mensurar ou comparar.
Embora seja muito positivo que haja o cuidado com a aparência, às vezes as pessoas preocupam-se excessivamente com ela, tornando-se insaciáveis nos cuidados estéticos.
O que importa é que a pessoa se cuide para sentir-se melhor, satisfazendo-se com o resultado obtido e, portanto, sentindo-se feliz com ele.
Namorar na terceira idade faz bem?
Namorar faz bem em todas as idades, mas na terceira idade é melhor ainda, por inúmeros motivos.
É tão difundido o tabu de que amor e sexo são para os jovens, que as pessoas, mesmo os casais, acabam se convencendo disso.
O resultado é que, à medida que o tempo vai passando, começam a usar sua idade avançada para justificar o tédio, suas doenças e dificuldades nos relacionamentos afetivos e sexuais:
A mulher deixa de lubrificar e o ato sexual torna-se desconfortável ou doloroso, enquanto o homem começa a perder ou não conseguir manter a ereção.
Vão perdendo o interesse na vida sexual e ambos culpam a idade por isso.
O homem e a autoestima na terceira idade
No entanto, quando o idoso se apaixona, tudo muda: o corpo responde imediatamente à estimulação da paixão, reagindo naturalmente: a mulher volta a excitar-se, lubrificando abundantemente e o homem depara-se com um desejo constante e o retorno de suas ereções.
Em minha prática clínica tenho testemunhado muitas “mágicas” fisiológicas desse tipo.
Os protagonistas dessas histórias produzem um relato muito parecido, sempre permeado de muita alegria e vitalidade:
“Nunca amei assim antes”,
“Hoje eu me sinto mais bonita(o) do que antes”,
“Rejuvenesci tudo de novo”,
“Pareço um adolescente de tão apaixonado que estou”,
“Nunca imaginei que pudesse ser tão bom”,
“Não entendo como é possível ser tão feliz nessa idade”,
“Pensei que nunca mais fosse voltar a amar”
E, a que mais gosto, dita recentemente por uma paciente minha:
“Se eu tivesse encontrado ele (seu amante) há mais tempo, sei que não teria ficado doente, não teria tido nada daquela sequência de problemas de saúde, porque era pura falta de paixão, falta de tesão”.
Resumindo, namorar na terceira idade, é bom em todos os sentidos:
Revigora,
Revitaliza,
Embeleza,
Motiva,
Envaidece,
Aumenta a autoestima, e aumenta…
…o desejo de cuidar-se para o outro.
Rejuvenesce e deixa a vida cor-de-rosa como na adolescência, só que com licença, autonomia e consciência, livre das preocupações e medos de então.
Por que conservar a autoestima faz tão bem para o ser humano?
Porque sem uma boa autoestima não somos capazes de ver valor em nós mesmos e, portanto, também não daremos, aos outros, muitas oportunidades para nos valorizar.
Um paciente explicou isso de um modo bastante claro, quando se deu conta da importância de amar a si mesmo: “Quando não me cuido, sinto-me um lixo.
Só quando vejo que estou bonito e atraente é que me sinto mais confiante e seguro de que poderei despertar o interesse ou a admiração das pessoas.
E isso sempre acontece.
É porque já estou admirando a mim mesmo de antemão.”
Quem aceita melhor a velhice, e por isso, consegue conservar a autoestima: o homem ou a mulher?
Há inúmeras exceções, evidentemente, mas como regra, é a mulher.
É que ela, ao ultrapassar o período da menopausa, já não sofrerá oscilações hormonais e não irá ver-se à mercê das inúmeras responsabilidades que lhe tiravam o sono, tendendo a adquirir uma maior estabilidade de humor, serenidade e confiança, e a sentir-se bastante preparada para novos relacionamentos.
Para o homem, a situação é diferente porque o efeito das modificações hormonais desestabiliza seu humor, tornando-o mais emotivo.
Além disso, a gradativa redução (ou modificação) de sua potência sexual tende a gerar insegurança e depressão que, se não tratadas, poderão ocasionar esquiva a novos relacionamentos.
Qual a dica que você dá para uma pessoa se cuidar, para se aceitar com as mudanças do tempo?
Continue apostando em você e na sua capacidade de ser feliz, de agradar ao outro, de dar e de receber.
Ao perceber que algumas coisas já não podem ser feitas como antes, adapte-se para fazer diferente, mas não as abandone, transforme-se e transforme-as para melhor.
Agindo assim, você terá muitas surpresas agradáveis.
Por exemplo:
Durante a atividade sexual, um homem bem-resolvido não ficará ansioso ou constrangido ao perceber-se sem ereção.
Ele saberá continuar desfrutando dessa relação, sem ansiedade, sabendo que a ereção voltará dentro de alguns minutos porque já tem bastante intimidade com seu corpo e aprendeu a aguardá-la.
Sabe como fazer para estimular-se, para estimular sua parceira e ser estimulado por ela.
O resultado será preliminar mais longas e prazerosas para ambos.
O homem e a autoestima na terceira idade
Escolha dedicar-se às atividades que lhe dão prazer, evite companhias desagradáveis, desobrigue-se de laços que não lhe interessam e busque a companhia de pessoas de todas as idades.
Dance, jogue, leia, ande, corra, nade, aprenda novos idiomas, faça terapia, aprenda e faça coisas novas todos os dias.
Aliás, aprender sempre algo novo é a receita mais eficaz para afastar doenças degenerativas, especialmente o mal de Alzheimer.
Saia só e acompanhado.
Entenda que a idade não o impede de ser feliz, basta que você module o ritmo e a intensidade das atividades, adaptando-as às suas necessidades atuais.
Uma pessoa não se torna melhor ou pior só porque o tempo passou, ela se constrói à medida em que o tempo passa, a partir do modo como vive cada momento presente.
Velho chato é, muito provavelmente, o rótulo dado ao resultado de uma equação bastante simples: jovem chato + várias décadas transcorridas = velho chato.
Há um aumento real da expectativa de vida da população mundial e essa nova realidade já vem mudando a forma de se olhar a pessoa idosa, que começa a ganhar a importância que não possuía até agora no mundo ocidental (ainda não existe, no Brasil, um serviço de saúde pública estruturado para a saúde do homem, por exemplo).
A tendência é que se criem cada vez mais serviços voltados ao idoso em todos os setores de atividade: lazer, educação, serviços, esporte e entretenimento, colocação profissional (para aqueles que a desejarem), etc.,
O homem e a autoestima na terceira idade
Enfim, a população começa a envelhecer no mundo todo e o idoso tenderá a tornar-se o consumidor mais importante e respeitado em algumas décadas.
É importante que todos aprendamos a envelhecer felizes, com qualidade de vida.
Para um envelhecimento saudável, nossos hábitos de vida são muito mais importantes do que nossa herança genética.
Isso deve ser entendido como uma ótima notícia, porque significa que podemos escolher uma velhice feliz.
Para isso precisaremos de alimentação e hábitos saudáveis, atividade física regular e adequada, repouso, lazer, relacionamentos e atividades prazerosas e muita, muita paixão.
Onde há paixão não sobra nenhum espaço para a depressão e apatia.
Envelhecer é automático, basta não morrer, mas o envelhecimento saudável é uma conquista.
É preciso vencer o preconceito que existe sobre o que o idoso pode ou não pode fazer.
Como os jovens, ele deve continuar acreditando que pode e ousar tudo aquilo que sabe que lhe fará bem.
Irá cansar-se mais rapidamente, mas com um condicionamento físico adequado, poderá ter uma mobilidade excelente, uma atividade sexual saudável e contínua, uma vida plena e feliz.
Mariuza Pregnolato é psicóloga clínica e pesquisadora do comportamento.
Possui especialização em Psicologia Analítica pelo Instituto Sedes Sapientiae e em Análise Comportamental pela Universidade de São Paulo.
Fonte: www.vivamais.com.br
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