Insegurança na terceira idade, o que isso significa?
“É verdade que com o passar do tempo as pessoas ficam mais inseguras? Tenho uma tia com mais de 70, e que vive receando assaltos, acidentes, doenças…”
Dúvida de Marina de Azevedo. Rio de Janeiro (RJ)
A insegurança tem mais a ver com fatores ambientais e sociais do que com a velhice propriamente dita.
A pessoa idosa que permanece horas a fio frente a televisão, assistindo constantemente a episódios de violência ou lê jornais que exploram as dificuldades e a desgraça humana, acaba acreditando que o mundo é só isso.
São o isolamento, a inatividade física e a falta de contato íntimo com os demais que vão criando o estilo de envelhecer com insegurança.
Quanto mais velhos ficamos, menos riscos queremos assumir.
Dr. Ricardo Teixeira
Verdade ou mito?
O neurologista Ricardo Teixeira explica que estudos americanos revelam que o medo de correr riscos está relacionado ao envelhecimento de determinada região do cérebro.
Parece que a redução do volume da região parietal posterior do cérebro é mais importante que a idade por si só para essa aversão a riscos.
Esta é a conclusão de um estudo recém-publicado pela prestigiada revista Nature Communications.
A população está envelhecendo como nunca.
Insegurança na terceira idade, o que isso significa?
Calcula-se que em 30 anos, pela primeira vez na história, existirão mais pessoas com mais de 60 anos do que crianças.
É um grande contingente da população tendo que tomar decisões o tempo todo, médicas, financeiras etc.
Pesquisadores da Universidade de Nova Iorque já haviam demonstrado, em adultos jovens, que quanto menor o volume da região parietal posterior do cérebro, menor a tendência em correr riscos.
Esta é uma região especialmente vulnerável à redução volumétrica normal do cérebro associado à idade.
Então os mesmos pesquisadores perguntaram se a redução dessa área cerebral com o envelhecimento era mais preditiva que a idade por si só para o desenvolvimento de uma dificuldade em se envolver em riscos.
Dito e feito.
A análise de situações de risco de 52 voluntários com idades entre 18 e 88 anos mostrou que essa região cerebral faz mais diferença que a idade.
Foram testes como escolher entre ganhar $5 ou apostar em ganhar $20 com 25% de chance de êxito.
Esta região parietal também está envolvida no planejamento de movimentos, localização espacial e atenção.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília e professor de pós-graduação em divulgação científica e cultural na Unicamp.
fontes: ana fraiman e correio braziliense