Gota – Uma doença que pode debilitar rins e fígado.
A Gota é uma doença que ataca principalmente as articulações e, se não tratada a tempo, pode debilitar órgãos como rins e fígado.
O que é?
A gota acontece quando há um acúmulo de ácido úrico no sangue.
Isso pode acontecer tanto pela produção excessiva quanto pela eliminação deficiente da substância.
A doença já foi caracterizada como de nobres e ricos, pois carnes e vinho tinto podem desencadear a crise.
– A articulação do pé, por ser naturalmente desprotegida, é geralmente a primeira a ser atingida pela gota.
A dor é aguda e súbita e a região onde a crise acontece fica vermelha e muito inchada.
Os sintomas da primeira manifestação da doença duram entre três e quatro dias.
– Se não for feito um tratamento devido desde a primeira manifestação da gota, as crises continuarão e poderão atingir outras articulações como as do joelho.
– As articulações dos dedos, punho, cotovelo, mãos e ombros também poderão ser atingidas.
– A chamada gota crônica é o estágio mais sério da doença, pois as complicações já se instalaram em outros órgãos do corpo, além das articulações.
Neste caso, podem surgir por exemplo deformidades e defeitos irreversíveis nas articulações.
Gota – Uma doença que pode debilitar rins e fígado
Ácido úrico
Quando as células do corpo são destruídas para que novas células se instalem no organismo, os núcleos de cada uma eliminam substâncias que devem ser excretadas pelo corpo.
O ácido úrico é uma delas e deve ser jogado fora pela urina.
A incidência
– 2% da população mundial sofrem de gota;
– Entre os doentes, há uma mulher para cada oito homens.
O processo da doença
O tecido conjuntivo é o que fica na união de um osso com outro, na articulação.
O ácido úrico costuma ser solúvel neste tecido.
Quando sua concentração aumenta (em um organismo com pré-disposição genética para sofrer a doença), a gota pode se manifestar.
Um trauma ou uma agressão nas articulações costuma ser o principal desencadeador da gota.
A articulação do dedão do pé é a mais delicada do organismo, pois é pouco protegida.
Se, por exemplo, o indivíduo caminhar muito durante o dia com sapatos fechados, tende a ficar com os pés inchados.
No fim do dia, hora do descanso, a tendência é de os pés desincharem.
Se o indivíduo tiver com acúmulo de ácido úrico no sangue, a água sairá rapidamente, mas o ácido permanecerá dentro da articulação.
A região fica ácida e o ácido úrico tende a se cristalizar.
A crise só acontece se houver cristalização.
A cristalização do ácido úrico provoca a ação dos neutrófilos, células de defesa do organismo que engolem os cristais.
Como a quantidade de cristais é muito grande, muitos neutrófilos atuam e provocam a inflamação do tecido.
Com isso, vem a crise aguda da gota.
Na maioria das vezes, a primeira crise acontece nos pés.
Frequentemente na articulação do dedão.
Com menor frequência, na parte de baixo do pé ou no tendão de Aquiles.
O sintoma imediato é a dor.
Imediatamente, o pé (ou a parte do corpo acometida pela crise) fica inchado, vermelho e quente.
A primeira crise dura cerca de três dias, a segunda vem em torno de dois anos depois e pode permanecer por mais tempo, com dores menos intensas.
Se a gota não for tratada com atenção desde sua primeira manifestação, é possível que a doença atinja outras articulações, como joelho, cotovelos, mãos e se torne crônica, com crises permanentes.
Tratamento
A gota não é uma doença que se possa prever. Só se trata do problema quando ele é identificado.
O tratamento é feito com remédios capazes de reduzir a produção do ácido ou de aumentar sua eliminação pela urina.
Para a hora da crise, os medicamentos mais usados são os anti-inflamatórios.
Evitar alimentos com muito ácido úrico, como fígado e bebidas como vinho tinto e cerveja, também faz parte do tratamento.
A gota nos rins
Se o cristal do ácido úrico se depositar nos rins, a doença está em um estágio mais grave.
A cada inflamação, o rim cicatriza e se retrai.
Essa retração deixará as artérias mais estreitas.
O sangue terá mais dificuldade de passar.
Para tentar resolver o estreitamento arterial, o organismo secreta uma substância, chamada angiotensina, que aumenta a pressão sanguínea.
Entretanto, essa hipertensão não acontece apenas no rim, mas em todo o organismo.
Assim, a gota pode levar às doenças consequentes da hipertensão, como infarto do miocárdio ou derrame.
Por isso tudo, aos primeiros sintomas, procure um médico e previna-se para que não haja maiores complicações futuramente.
Perguntas e respostas sobre a gota:
O que é gota úrica?
Gota é uma doença articular inflamatória causada pelo depósito do monourato de sódio no tecido articular e periarticular.
Como é o quadro clínico da gota?
As características clínicas da artrite gotosa foram reconhecidas por Hipócrates, mas foi Galeno quem primeiro descreveu o tofo gotoso.
Celsus reconheceu que a gota era doença característica dos poderosos.
Garrod foi quem incluiu a gota como doença relacionada a erro do metabolismo.
Em 1797, Wollaston identificou urato como o grande constituinte de um tofo.
Mc Carty e Hollander descreveram a presença de cristais de monourato de sódio do fluido sinovial em pacientes com crise aguda de gota.
O ataque agudo de gota se caracteriza por ser mono ou oligoarticular, de aparecimento súbito, com preferência das articulações do hálux (podagra), demais pododáctilos, as tarsometatarsianas, tíbio-társicas, joelhos, punhos, mãos e cotovelos.
A dor é de forte intensidade, obrigando o paciente a evitar contatos com qualquer objeto (o simples contato com o lençol gera dor insuportável).
A duração da crise varia de horas a poucos dias, sendo na maioria das vezes curta.
Depois da primeira crise de gota o paciente pode ter outras crises?
Sim, entre uma crise e outra, o paciente pode apresentar o chamado período inter crítico, em que ele permanece por meses ou até anos absolutamente assintomático sob o ponto de vista clínico.
Quando mais efetivo for o tratamento inicial da crise aguda, melhor será o prognóstico em relação a futuras crises.
O que acontece com a taxa ácido úrico sérico durante o ataque de gota?
Durante um ataque de gota, os níveis séricos de ácido úrico geralmente diminuem, algumas vezes ficando na faixa da normalidade.
Por essa razão, não podemos descartar o diagnóstico de gota quando não há hiperuricemia.
A gota afeta somente uma articulação?
Não, a gota poli articular surge geralmente nos pacientes mais jovens, ocasionalmente antes das anormalidades metabólicas do ácido úrico.
Vem precedida por crise de artrite mono articular, com quadro de febre e leucocitose.
O quadro articular da gota é diferente no homem e na mulher?
Sim, os ataques de gota mono articular ocorre preferentemente nos homens (9:1), e na artrite poliarticular a proporção é igual entre homens e mulheres.
O que é podagra?
Podagra é a inflamação da primeira articulação metatarso falangiana (hálux) e é a primeira manifestação clínica da gota em 75% a 90% dos casos.
Embora a podagra seja mais comum em pacientes com gota, também é encontrada em outras doenças, como sarcoidose, trauma, artrite psoriática, doença de deposição de pirofosfato de cálcio ou trauma.
A gota existe por que a pessoa produz muito ácido úrico?
Não, noventa por cento dos pacientes com gota produzem quantidade normais de ácido úrico, mas a excreção renal está diminuída.
Em apenas 10% dos casos ocorre produção aumentada de ácido úrico.
Como se forma o ácido úrico?
Os nucleotídeos (componentes dos ácidos nucleicos) adenina terminam em hipoxantina e a guanina é metabolizada a xantina.
Essas purinas são metabolizadas pela xantina oxidase, formando o ácido úrico, um produto exclusivo da degradação no homem.
A xantina oxidase contém FAD (flávina adenina dinucleotídeo), Ferro e Molibidênio e requer oxigênio molecular como substrato.
Como o ácido úrico não é muito solúvel em meio aquoso, há condições clínicas nas quais níveis elevados de ácido úrico resultam em deposição de cristais de urato de sódio, principalmente, nas articulações (tofos gotosos).
O que pode causar aumento do ácido úrico?
A hiperuricemia pode estar ligada a outras causas não gotosas.
Torna se, portanto, necessário estabelecer o diagnóstico diferencial entre a hiperuricemia primária assintomática, seja a que precede o primeiro episódio da doença, seja a observada no período Inter crítico da hiperuricemia assintomática secundária a outras situações mórbidas, como:
- hemopatias mielo proliferativas,
- anemia hemolítica,
- psoríase,
- sarcoidose,
- disfunção renal,
- intoxicação alcoólica,
- cetoacidose diabética,
- acidose láctica,
- doença por depósito de glicogênio tipo I,
- hipo e hiperparatireoidismo,
- hipotireoidismo,
- sedentarismo,
- jejum prolongado ou ainda
- utilização de drogas como salicilatos em baixas doses,
- diuréticos tiazíclicos,
- penicilina e
- corticosteroides.
Toda pessoa com ácido úrico elevado, deve ser tratada?
Não, os níveis elevados de ácido úrico não provocam falência renal e, portanto, não há justificativa para se tratar a hiperuricemia assintomática; contudo, se o paciente tem sofrido gota recorrente, os níveis de ácido úrico devem ser normalizados.
Porém, tanto na hiperuricemia assintomática primária como na secundária, deve se introduzir terapêutica quando há presença de níveis elevados de hiperuricemia, acima de 9 mg%, uma vez que estudos epidemiológicos têm demonstrado uma frequência mais alta de complicações e associações patológicas acima deste nível.
O que é gota crônica tofácea?
A gota crônica tofácea é a presença de nódulos de depósito de cristais de ácido úrico no pavilhão auricular (mais frequente), mãos, bursa olecraniana, tendão de Aquiles e na região ulnar do antebraço.
O crescimento exagerado desses nódulos afeta o funcionamento da articulação acometida.
Porque aparece a gota crônica tofácea?
Um dos principais fatores do surgimento do tofo gotoso é o controle inadequado do quadro hiperuricêmico.
O ácido úrico total elevado favorece a formação e precipitação de cristais de urato nos tecidos moles, articulações e anexos, rins e pavilhão auricular constituindo-se, mesmo em gotosos assintomáticos, em um estado permanente de risco, apenas minimizado por medidas destinadas a reduzir a hiperuricemia, aumentando a eliminação ou impedindo a síntese de ácido úrico.
Como é feita a confirmação diagnóstica de gota úrica?
O diagnóstico de gota é feito através do achado de cristais de urato monossódico, em formato de agulha, dentro das células polimorfo nucleares presentes no líquido sinovial.
O que é a pseudo-gota?
A condrocalcinose ou pseudo gota, se deve a presença de sais de cálcio nas articulações, causando dores e alterações funcionais.
Os principais sais são o pirofostato de cálcio (DPPC), a hidroxiapatita (fosfato básico de cálcio), o fosfato octacalcico e o fosfato tricálcico.
O termo pseudogota refere-se à sinovite aguda ou crônica, associada aos cristais de hidrato pirofosfato de cálcio no líquido sinovial.
Condrocalcinose é o termo usado para definir a calcificação da cartilagem articular observada ao raios-X.
Sua prevalência aumenta com a idade, 15% nos pacientes entre 65 e 74 anos, 44% nos pacientes acima de 84 anos.
As articulações mais acometidas são joelhos 25%, sínfese púbica 15% e punho 19%.
Qual o papel da dieta para o paciente com gota úrica?
No seguimento clínico do gotoso, a valorização da dieta é controvertida.
A melhor conduta consiste em esclarecer ao gotoso sobre risco alimentar como fator predisponente, deixando-o em liberdade vigiada para programar sua dieta, segundo suas próprias observações anteriores.
A dieta não deve se constituir em obsessão para o gotoso, nem para sua família.
Tem sua utilidade, principalmente nos casos em que se reconhece uma estreita relação de causa e efeito entre a ingestão de álcool ou determinados alimentos e a recorrência da crise.
Também torna se útil quando a gota se associa a outras situações como hipertensão arterial, coronariopatia isquêmica, hiperlipidemia e diabetes.
Quais os alimentos que podem contribuir para o aumento do ácido úrico?
Deve-se considerar uma prudência na ingestão de alimentos ricos em purinas como:
fígado, rins, anchovas, camarões, arenque, salmão, sardinhas, carne de porco, lentilhas, feijão, frutos do mar, carne bovina, espinafre, frutas frescas e cruas, chocolate, damasco, cebola, aipo, alho, couve, couve-flor e outros.
Quais as formas de tratamento medicamento para a gota úrica?
No tratamento medicamentoso para gota úrica podemos utilizar:
1. fármaco competidor com a xantina-oxidase;
2. Uricosúricos;
Como escolher a forma ideal de conduzir a escolha do fármaco a ser utilizado?
A uricosúria de 24 horas constitui o exame indispensável para definir o estado de excreção renal, hipo, normo e hiperexcretores, sendo bastante útil na escolha da droga a ser utilizada: uricosúrico ou inibidor de síntese.
Esta preocupação tem como objetivo impedir a deposição de cristais no parênquima renal, quando à excreção é maior que 600 à 800 mg/dia.
Como funciona o competidor com a xantina-oxidade Alopurinol?
Competidor com a xantina-oxidase 0 alopurinol, competindo com a xantina oxidase, mostra-se bastante útil na redução da hiperuricemia, e é praticamente livre de efeitos colaterais na dose de 300mg/dia.
A correção dos níveis ácido úrico, mediante a utilização de competidores da xantina oxidase, deve obedecer aos seguintes critérios:
- Resistência nos níveis uricêmicos elevados, geralmente associados a formação de tofos e doença de evolução progressiva.
- Formação de tofos.
- Recidivas frequentes não controladas pela colchicina.
- Excreção urinária maior que 200 mg de ácido úrico nas 24 horas.
- Evidências de lesão renal.
Como funcionam os uricosúricos?
Os uricosúricos atuam diminuindo a reabsorção tubular do ácido úrico (probenecida), aumentando a excreção renal e diminuindo a concentração plasmática.
A benzobromarona (100 mg/dia) é o uricosúrico mais utilizado no tratamento do paciente com hiperuricemico assintomático.
Os pacientes normo ou hipoexcretores com litíase renal recidivante, ou filtração glomerular diminuída, ou clearance de creatinina inferior a 40 ml/minuto não devem usar uricosúricos, constituindo-se, portanto, em primeira opção à administração de competidores de xantina oxidase.
Como tratar a crise de gota?
No tratamento da crise a colchicina é o medicamento indicado.
Não devendo ser utilizada nos casos dos pacientes que tenham recebido profilaxia recente com colchicina ou naqueles com diminuição da função renal ou hepática.
A colchicina tem sido usada com sucesso há mais de 100 anos no tratamento da artrite aguda relacionada a gota, porém deve ser utilizada em pequenas doses, pois é frequente os sintomas de desconforto gastrintestinais
Drogas anti-inflamatórias não-esteroides (ibuprofeno, fenilbutazona, indometacina) devem ser evitadas pelo risco de diminuir ainda mais a já prejudicada taxa de filtração glomerular.
fonte: portal são francisco