Envelhecimento pode ser considerado como doença?
A busca desesperada da imortalidade levou o envelhecimento a ser classificado assim:
A revista Frontiers in Genetics, edição de novembro, publicou um artigo de médicos americanos sugerindo que seja incluído o envelhecimento na próxima edição do Código Internacional das Doenças (CID), a lista de classificação de todas as doenças, utilizada para padronizar no mundo todo os diagnósticos dados pelos médicos.
Em 2018, a nova edição do CID deve ser publicada e, segundo a sugestão de Alex Zhavoronkov e Bhupinder Bhullar, deverá trazer um novo capítulo, conforme os autores, o da velhice.
Se o CID considerar a velhice como uma condição tratável, permitirá que novos procedimentos e negócios sejam regulamentados, e programas preventivos possam ser criados por organizações governamentais, trazendo benefícios para os idosos e economia para as fontes pagadoras de saúde.
O primeiro CID foi publicado em 1900 pelo Instituto Internacional de Estatística e, desde 1948, passou a ser responsabilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ao longo da história, condições entraram e saíram dessa lista, por mudanças culturais da humanidade.
Doenças psiquiátricas, por exemplo, só entraram nessa lista na 1948, mas a mudança recente mais emblemática é a do homossexualismo, que, depois de uma extenuante luta de psiquiatras, deixou de ser compreendido como doença e saiu do CID, em 1974.
Envelhecimento pode ser considerado como doença?
Segundo os autores, reconhecer uma condição ou processo crônico como doença é um importante passo, tanto para os indivíduos que a apresentam como para todos os agentes no campo da saúde.
Tratar a velhice de forma vaga impedirá que políticas de saúde sejam criadas e que muitos procedimentos médicos para esse grupo de indivíduos sejam negados pelos convênios.
O envelhecimento é um processo multifatorial que engloba perda de funções e doenças típicas, culminando com a morte.
Processos como desgaste de tecidos, fibroses, perdas de reservas regenerativas do sistema nervoso e imunológico, envelhecimento celular e epigenética, entre muitos, estão relacionados ao envelhecimento e outras doenças como o câncer.
Portanto, devem ser abordados terapeuticamente. O difícil é criar uma linha que separe o desgaste natural e a doença.
A senilidade já é classificada na versão atual do CID-10, porém é considerada um código lixo, que, para os estaticistas que avaliam as causas de morte nas populações, é mal utilizado e não explica o verdadeiro motivo do óbito.
O que não contribui para a mudança de política de saúde.
Logo, uma reclassificação dessa condição com mais detalhamento poderia corrigir esse erro.
A expectativa de vivermos mais e melhor interferiu no nosso entendimento do que é doença.
Estamos cada vez mais intolerantes com a depressão e a perda de memória, por exemplo, e os critérios de diagnósticos estão ficando cada vez mais abrangentes.
Histeria coletiva?
Pressão da indústria farmacêutica?
Pode ser, mas o que não se pode negar é que existe um fenômeno universal, uma gigantesca demanda da sociedade para viver mais e melhor, um tsunami emocional que será difícil de ser evitado.
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