Avós é como tocar um instrumento sem ter aprendido partitura.
Se você é avô ou avó, aí tudo pode mudar e ser diferente.
Você dirá que algo original, significativo e especial aconteceu na sua vida.
A experiência do novo fez você vivenciar coisas novas, sonhar o que nunca tinha sonhado, viver o que nunca tinha vivido.
Quer saber ou adivinhar se alguém se tornou avô ou avó?
Não é tarefa difícil.
É só olhar para o brilho dos seus olhos, apalpar os sentimentos visíveis nas suas palavras, colher o encanto das referências aos netos.
Aí não terá dúvidas sobre quem está falando.
Avô/avó é pai/mãe com mel, diz a sabedoria popular.
Mas não é só isso, é muito mais.
Ser avô/ ser avó é usufruir a paternidade/maternidade de outro jeito, com outro sentido, com novo sabor, sendo capaz de ouvir canto de pássaros em manhãs chuvosas e cinzentas.
Ser avô/ser avó é sentir-se poeta sem nunca ter escrito um verso, é tocar um instrumento sem nunca ter aprendido notas, acordes e partituras.
Ser avô/ser avó é viajar sem sair do lugar, é sentir-se leve e ágil como dançarino, mesmo quando o corpo não responde aos gestos desejados, ao andar pretendido.
Não há manual que ensine a arte e a ciência de ser avô, de ser avó.
Não há guia para conhecer a terra encantada dos netos.
Quase sempre se entra para o mundo deles, com olhos de avô/avô, sem treino prévio, sem qualquer graduação.
Avô/avó torna-se profissional do afeto, da ternura e da paciência de uma hora para outra.
Brotam sentimentos que não se teve até com os próprios filhos.
Descobre-se, então, que ser bobo/boba não é pejorativo quando se é avô/avó
(Ah! é verdade: alguns são até mais do que os outros, mas não cultivam sentimento de culpa por causa disso!).
Avós é como tocar um instrumento sem ter aprendido partitura.
É preciso dizer:
Há avós sérios, carrancudos, sovinas, impacientes, chatos.
A vida permite que assim sejam para mostrar que o mundo é mundo até no mundo dos avós!
Meus netos, Paulo Henrique, Valentina e Luísa, e todos os netos do mundo não podem esquecer a grande verdade: avós existem para fazer netos felizes!
Quando isso não acontece é porque houve frustração de safra, a colheita não foi a esperada.
Uma nova semeadura sempre acontece e será diferente porque amor de avô/amor de avó renasce a cada dia, tem marcas próprias, cheiro e sabor diferentes.
Tenho saudade dos meus nonos Teresa e José Sangoi, Amália e Domingos Trevisan.
Hoje são lembranças…
De uma coisa não posso, nem devo esquecer o que a vida ensina: tempus fugit, carpe diem!
Nós, avós, andamos devagar, os netos voam!
fonte: crônica do professor Máximo Trevisan