9 coisas que todos precisam saber sobre os idosos.
Todos os seres vivos passam por transformações com o passar dos anos.
O ser humano atinge o máximo das suas funções orgânicas por volta dos 30 a 40 anos.
Entre os 40 e 50 anos há uma estabilização e, a partir daí, um declínio funcional progressivo, com a perda funcional global de 1% ao ano.
As alterações funcionais afetam a maioria dos órgãos e levam a um gradual declínio no desempenho funcional dos indivíduos, culminando com a morte.
É imprescindível que a equipe de enfermagem e multidisciplinar entenda sobre essas possíveis alterações funcionais no idoso.
Para que consiga prestar uma assistência segura e para que esteja preparada para orientar o idoso e sua família sobre as formas de prevenção de complicações e os cuidados que se deve ter nessa etapa da vida.
Confira abaixo as 9 coisas que você precisa saber sobre os idosos, seja você um profissional de saúde, um idoso ou familiar de um idoso:
A doença não é inerente ao envelhecimento, é possível envelhecer saudável.
Entre as inúmeras alterações funcionais existentes no processo de envelhecimento, estão: alterações na sensibilidade tátil, degeneração neurológica, diminuição da função renal, diminuição da acuidade visual e/ou auditiva, diminuição da massa muscular, fragilidade óssea, entre outras.
Praticamente todo idoso apresenta uma ou mais dessas alterações funcionais, porém, isso não significa adoecimento, pois ele pode viver e adaptar-se normalmente, sem ter sua qualidade de vida afetada.
É possível envelhecer saudável, a depender de hábitos de vida, da hereditariedade e das doenças, que são os principais fatores de capazes de comprometer o funcionamento harmonioso do organismo, podendo gerar perda da autonomia e independência, hospitalização, institucionalização e óbito.
9 coisas que todos precisam saber sobre os idosos
O idoso geralmente tem respostas orgânicas diferentes, quando comparado ao adulto.
Os idosos apresentam temperaturas basais menores que os jovens, sendo assim, temperatura axilar maior ou igual a 37,2ºC ou elevações de 2ºC na sua temperatura habitual/basal merecem investigação.
Recomenda-se que a mensuração da temperatura axilar no idoso seja mais prolongada, por aproximadamente, 5 minutos.
Enquanto o adulto apresenta febre como resposta a um processo infeccioso, o idoso pode apresentar respostas completamente diferentes, como:
- Hipotermia (temperatura abaixo de 35ºC);
- Sonolência;
- Confusão mental;
- Disartria (Dificuldade de articular as palavras);
- Bradicinesia (lentificação dos movimentos voluntários);
- Hipertonia (tensão excessiva dos músculos);
- Bradipnéia (número de movimentos respiratórios menor que o normal – menor que 14 respirações por minuto);
- Hipoxemia (diminuição da saturação de oxigênio no sangue);
- Dilatação gástrica;
- Lesão aguda de mucosa gastroduodenal;
- Coma;
- Arritmias ventriculares e;
- Morte.
Então, caso perceba qualquer dessas alterações é importante que a equipe fique atenta e investigue uma possível infecção, como infecção urinária ou pneumonia, pois não é raro ser confundido com quadro depressivo ou outros distúrbios psiquiátricos.
E, no caso dos familiares, recomenda-se que leve o idoso imediatamente ao Pronto Socorro para que seja realizado a investigação.
Gritar na orelha do idoso que apresenta disfunção auditiva não resolve.
A perda da audição no idoso geralmente é para tons de alta frequência e acontecem bilateralmente (em ambas as orelhas), denominado hipoacusia neurossensorial.
Sendo assim, gritar no ouvido dele, na tentativa de fazê-lo escutar, pode dificultar ainda mais o discernimento das palavras.
Tente falar em frente ao idoso, de forma clara e objetiva.
O idoso tem maior risco de queda
Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, 5% dos idosos sofrem fraturas em queda — 20% no fêmur.
As pessoas com mais de 65 anos caem mais do que os jovens porque sofrem com a atrofia dos músculos (perda significativa de massa magra), alterações no equilíbrio e visual, como a miose senil, que é a redução da visão noturna e da acomodação aos clarões e comprometimento da visão espacial.
Além disso, alguns medicamentos para o coração, por exemplo, podem causar hipotensão postural, ou seja, quando o idoso está deitado e se levanta, o sangue demora a irrigar o cérebro, a pressão baixa, levando a vertigem/tontura e queda.
Sendo assim, é imprescindível levantar-se devagar, sentar-se na cama, esperar ao menos 1 minuto antes de ficar em pé.
Para evitar as possíveis quedas que podem levar a inúmeras complicações no idoso, como infecções, diminuição da independência, recomenda-se a retirada de possíveis obstáculos presentes na casa, como:
– Tapetes, fios elétricos,
– brinquedos ou objetos pequenos;
– Escolha de camas na altura correta, baixa ou alta demais podem ser perigosas;
– Uso de cadeiras com apoio para braço;
– Instalação de barras de segurança no box e em volta do vaso sanitário;
– Uso de pisos antiderrapantes e cuidados com tacos soltos;
– Uso de escadas com corrimão, com degraus baixos e simétricos, antiderrapante e bem iluminado;
– a iluminação da casa deve ser suficiente para clarear todo o ambiente.
O hábito de praticar atividade física pode reduzir significativamente o risco de queda e manter o idoso com melhor qualidade de vida, uma vez que promove o aumento da massa muscular e aumento da absorção de micronutrientes, como o cálcio e vitamina D, proporcionando fortalecimento dos ossos.
No hospital, é imprescindível a identificação do paciente sobre o risco de queda e a utilização de medidas para prevenção como, manter grades elevadas, manter campainha próxima ao paciente.
Orientar paciente e acompanhante a solicitar a equipe de enfermagem antes de sair do leito, encaminhar ao banho em cadeira higiênica (quando necessário), entre outros cuidados.
9 coisas que todos precisam saber sobre os idosos
O idoso tem uma história de vida que precisa ser considerada
O idoso não é igual uma criança e não deve ser tratado como tal.
Nós, profissionais de saúde, não devemos chamá-los de “vôzinho”, “vovô”, devemos chamá-los pelo nome, assim como chamamos outros pacientes, e nem usarmos frases com palavras no diminutivo, como “abre a boquinha”, “me dá a mãozinha”.
Essas formas de expressões são muito pejorativas e desvalorizam a pessoa idosa, não esqueçam que ela tem uma história de vida e que deve ser considerada.
Você enfermeiro, auxiliar/técnico de enfermagem ou outro profissional da saúde já se imaginaram daqui alguns anos recebendo um tratamento infantilizado?
Pessoas querendo colocar comida na sua “boquinha”, mesmo você tendo condições para fazer?
Como já foi falado anteriormente, o envelhecimento não é sinônimo de adoecimento, dependência ou regressão, então, para não ser mal interpretado, respeite idoso como qualquer outro paciente e estimule sua autonomia, com certeza, dessa forma ajudará e muito na melhoria da sua qualidade de vida.
É claro que, associado ao envelhecimento, pode ser que a pessoa idosa tenha alguma doença e se torne mais dependente para satisfazer suas necessidades humanas básicas, mas, sempre que possível, é essencial que seja estimulado sua independência, e nunca seja tratado como uma criança.
O idoso sente menos sede e está mais suscetível às reações adversas dos medicamentos.
O idoso apresenta uma redução importante na quantidade de água corpórea (20 a 30%) e do volume plasmático (8 a 10%), ou seja, já apresenta uma desidratação crônica.
Associado a isso, também apresenta uma menor sensação de sede, podendo torná-lo mais vulnerável à desidratação aguda e às reações adversas das drogas, pela alteração do volume de distribuição das drogas hidrossolúveis (solúveis em água).
É importante que o idoso tenha consciência dessa alteração e tenha o hábito de ingerir água frequentemente, mesmo sem sentir sede.
A equipe de enfermagem tem um papel essencial na orientação e estímulo a hidratação, ao paciente e acompanhante.
O aumento da gordura corporal total no idoso (20 a 30%), tem como principal complicação, o aumento da meia-vida (tempo de ação) das drogas lipossolúveis (solúveis em gordura) como os benzodiazepínicos (diazepam), aumentando o risco de toxicidade.
O idoso pode apresentar maior risco de infecção, doenças autoimunes e neoplasias.
As inúmeras alterações no sistema imunológico do idoso podem contribuir para o aumento do risco de infecção, doenças autoimunes e neoplasias.
Basicamente, ocorre involução anatômica e funcional do timo, com redução de 20% a 30% dos linfócitos T circulantes (células de defesa) e declínio na reação de hipersensibilidade tipo tardia, na citotoxicidade e na resposta proliferativa.
A pele do idoso precisa de mais atenção
Com o envelhecimento, a pele do idoso fica mais fina, lisa, com pouca elasticidade e distensibilidade, torna-se ressecada e descamativa (xerodermia), precipitando o prurido (coceira) localizado ou generalizado, que, por sua vez, predispõe a fissuras, escoriações, infecções cutâneas e úlceras por pressão, conhecidas também como escaras.
Em locais expostos à radiação solar podem ocorrer a ceratose actínica (lesão pré-maligna) e epiteliomas basocelular e espinocelular (lesões malignas).
A ceratose seborreica, também comum, é considerada neoplasia benigna da epiderme.
Sendo assim, é essencial que o idoso realize acompanhamento periódico com dermatologista, para que seja realizado avaliação das lesões.
Recomenda-se a utilização de protetor solar diário, hidratação da pele com cremes e por meio da ingestão de água.
Em pacientes acamados, o cuidado é redobrado, além dos cuidados citados, é essencial que seja realizado a mudança de decúbito (posição) a cada 2 horas, uso de placas de proteção (hidrocolóide, por exemplo), trocas frequentes de fralda, entre outros cuidados.
Esses cuidados de enfermagem evitam a maceração da pele, predisposição às infecções fúngicas e úlceras por pressão.
O idoso precisa ter cuidado com os pés
Micoses interdigitais são frequentes em idosos e devem ser tratadas rotineiramente, pois representam porta de entrada para infecções bacterianas mais graves.
É preciso orientar o idoso sobre a importância dos cuidados com os pés (mais ainda caso seja diabético): lavar e secar bem entre os pododáctilos (dedos dos pés) para evitá-las, e, caso não consiga fazer sozinho, é imprescindível que a equipe de enfermagem realize, ou algum familiar o faça, caso esteja no domicílio.
A prevenção é o melhor remédio, pois o tratamento medicamentoso de infecção fúngica no idoso é sempre mais delicado, uma vez que pode levar a complicações renais e hepáticas.
fonte: enfermeiro aprendiz